Análise de álcool em gel apreendido em Sena acha substância que pode provocar câncer de pele
A Polícia Civil e a Vigilância Sanitária do município de Sena Madureira, no interior do Acre, receberam o resultado da análise feita em frascos de álcool em gel apreendidos na cidade no mês de abril após denúncias. A perícia achou contaminação por tolueno, substância química usada na fabricação de explosivos, tintas e na composição de gasolina.
A Vigilância Sanitária informou que a substância pode provocar câncer de pele se usada excessivamente. O produto foi apreendido em uma farmácia de Sena Madureira e era vendido para higienização das mãos. Moradores perceberam um cheiro diferente e fizeram a denúncia.
Uma equipe da Vigilância do municípioapreendeu o produto e acionou a Polícia Civil e o Ministério Público do Acre (MP-AC). Os órgãos do interior solicitaram uma fiscalização na indústria, que fica em Rio Branco. Equipes da Vigilância Estadual, do MP-AC e do Procon-AC apreenderam 200 litros de álcool na indústria para análises.
O resultado da análise feita no produto apreendido na indústria ainda não ficou pronto. Já do material encontrado em Sena Madureira saiu na terça-feira (13).
“Foi feita a análise para saber se tinha a quantidade mesmo de álcool que tem no rótulo, que diz que é álcool 70%, mas na análise foi encontrada apenas 64% e uma quantidade de água. Foi encontrada também a presença de tolueno, que é proibida pela Anvisa, produto químico e orgânico que era usado em explosivos, tintas e na gasolina”, explicou o coordenador da Vigilância Sanitária de Sena Madureira, Rodrigo Felici.
Ao G1, a supervisora de vendas da empresa, Bruna Lorhana, garantiu que foram entregues todas as documentações e laudos do fornecedor do álcool usado na fabricação dos produtos da empresa para os órgãos competentes no dia da fiscalização. Porém, a empresa só vai se responsabilizar pelo laudo da análise feita no produto que foi apreendido na fábrica, em Rio Branco.
“Não temos como nos responsabilizar porque o álcool já foi aberto, levaram para análise, mas o que vai valer é a análise do nosso produto que foi retirado de dentro da indústria. Entramos em contato com a Vigilância de Sena Madureira, com o Procon, porém, já foi informado para a gente que o que vai valer é o que foi tirado de dentro da indústria”, garantiu.
Prejudicial à saúde
Ainda segundo o coordenador da Vigilância, a substância encontrada é muito prejudicial à saúde humana, podendo causar desde irritação na pele, problemas no pulmão, nas vias aéreas, e até câncer de pele.
“É absorvido no pulmão pelas vias respiratórias e pela pele. Quando a gente abriu ele tinha um cheiro muito forte, tipo de gasolina mesmo. Daí, as vias aéreas já ardiam e surgiu a suspeita do álcool em gel. Foi feita a apreensão cautelar e agora a Vigilância vai inutilizar o produto que estava vendido”, frisou.
Felici relembrou que a empresa tem autorização para fabricar álcool em gel para uso em ambientes, mas, devido à pandemia e escassez de álcool em gel e 70%, a Resolução da Diretoria Colegiada (RDC) 350 de 2020 autoriza que as empresas fabriquem o produto.
“Vamos fazer a apreensão definitiva do álcool em gel daqui e encaminhar para o Ministério Público e para a delegacia da cidade. Agora vai se transformar em um processo criminal. Também vou encaminhar para a Vigilância Estadual para que tome conhecimento e passe para o Ministério Público”, ressaltou.
Responsabilização
Sobre o posicionamento da empresa, o coordenador garantiu que o produto apreendido na cidade foi levado lacrado para a Polícia Civil. Segundo ele, têm os agentes da Vigilância, um promotor de Justiça criminal e o delegado da cidade como testemunhas.
“O nosso coordenador da regional falou que o que vai causar problemas para eles vai ser esse laudo daqui. Vai ser instaurado processo criminal, vão ser chamados os responsáveis que compraram e o delegado vai indicar quem mais vai ser chamado”, acrescentou.
O delegado responsável pelas investigações, Marcos Frank, disse que vai ouvir o dono da farmácia onde era vendido o produto e o dono da empresa.
“Devem responder a empresa que fabricou pela relação de consumo. O álcool não está de acordo com a especificação do rótulo e ainda tem essa substância e era vendido para assepsia das mãos”, reafirmou.