Com o possível retrocesso para a bandeira laranja, de alerta, devido ao aumento expressivo dos casos de Covid-19 no Acre, a Associação Brasileira de Bares e Restaurantes (Abrasel) tenta negociar com o governo uma forma de não voltar a fechar as portas dos estabelecimentos.
É que na faixa laranja, segundo determina o Pacto Acre sem Covid, bares e restaurantes só podem funcionar com delivery. Atualmente na faixa amarela, os estabelecimentos do Baixo e Alto Acre podem abrir atendendo 50% da capacidade. A regional do Juruá/Envira regrediu para a fase laranja na última avaliação do dia 13 de novembro.
A ideia da categoria, segundo informou o presidente da Abrasel-AC, Paulo Brum, é alterar o decreto para que os estabelecimentos continuem abertos mesmo na faixa de alerta, porém com 30% ou 40% da capacidade e seguindo os demais protocolos.
Representantes da associação se reuniram com o Comitê Acre sem Covid, nessa terça-feira (17) para buscar uma solução. A categoria deve ainda se reunir nesta quarta (18) para elaborar a proposta de forma mais consolidada e, assim, voltar a sentar com o comitê.
O G1 entrou em contato com a porta-voz do governador, Mirla Miranda, para saber se o governo pretende fazer as alterações no decreto e manter os estabelecimentos abertos em caso de retrocesso de faixa, mas não obteve resposta até última atualização desta reportagem.
Os bares e restaurantes voltaram a abrir as portas no último dia 5 de agosto, quando o estado passou para a faixa amarela, após mais de cinco meses fechados.
“O setor de bares e restaurantes foi liberado em agosto, hoje estamos com três meses e meio de atividade. Essa contaminação aumentou 15 dias após o início da campanha política, isso quer dizer que ficou praticamente dois meses mantendo uma estabilidade. Então, bar e restaurante não é o causador desse disparo na contaminação. Por isso, acho que não podemos pagar essa conta, sendo que sabemos quem é o culpado desse aumento”, destacou Brum.
O presidente disse ainda que, caso não haja essa negociação e o comércio volte a fechar, muitos não vão conseguir manter seus negócios.
“No primeiro fechamento, em março, aqueles bares e restaurantes que não conseguiram voltar, já estavam a ponto de fechar mesmo. Agora, se houve isso novamente, muitos vão fechar porque, de fato, não tem condições de continuar e vão ficar com muita dívida, já que fizeram grandes investimentos. Além, claro, dos funcionários que vão perder seus postos de trabalho”, afirmou.
O aumento no número de casos de contaminação pelo novo coronavírus preocupa e já se pode considerar que o estado caminha para uma segunda onda da pandemia, segundo alertou o infectologista Alan Areal.
Entre os primeiros 16 dias de outubro e o mesmo período de novembro, os novos casos de Covid-19 no Acre aumentaram em 81,6%. Os dados são de exames positivos divulgados pela Secretaria de Saúde do Acre (Sesacre).
Até 16 de outubro, foram contabilizados 1.376 casos positivos. Em novembro, até a segunda-feira (16), os números subiram para 2.499 novos casos. Em números gerais, o Acre tem 33.475 infectados pela doença.
Mais de 700 pessoas morreram vítimas da Covid-19. Ao todo, 29.721 pessoas já receberam alta médica da doença.
Com o aumento de infectados, a procura por atendimento no hospital de referência do novo coronavírus, o Instituto de Tramautologia e Ortopedia do Acre (Into), triplicou e o número de internações, que também tinha reduzido, voltou a crescer.
Por Iryá Rodrigues, G1 AC