Em júri popular, que durou cerca de 10 horas, os quatro acusados de participação na morte dos adolescentes Thauan Araújo de Oliveira, de 16 anos, e Amanda Paiva Cavalcante, de 14, em dezembro de 2019, foram condenados juntos a 183 anos de prisão, em júri popular que ocorreu nesta quinta-feira (14), na Vara Criminal de Sena Madureira, no interior do Acre.
Conforme o Tribunal de Justiça, o quarteto foi condenado por homicídios triplamente qualificados, corrupção de menores, ocultação de cadáver e por integrar facção criminosa. Todos devem cumprir as penas em regime inicialmente fechado.
Dos quatro condenados, um deles deve cumprir 66 anos e 6 dias de reclusão e mais 80 dias multa. Ele foi apontado como mandante do crime e líder da facção no local em que o crime foi praticado. Outros dois devem cumprir 38 anos e 3 meses e o último 39 anos e 5 meses.
Ao todo, 10 testemunhas, além dos quatro acusados devem foram ouvidos durante o júri. O processo corre em segredo de justiça e, por isso, não foi possível obter mais detalhes. O g1 não conseguiu contato com os advogados dos réus.
Em janeiro do ano passado, a Polícia Civil informou que tinha concluído o inquérito e que seis pessoas foram indiciadas. Além de quatro menores que iriam responder por ato infracional, segundo afirmou o delegado Marcos Frank, que comandou as investigações.
Na época, o delegado disse que o grupo foi indiciado pelos crimes de duplo homicídio e organização criminosa e os dois que teriam enterrado as vítimas também responderiam por ocultação de cadáver. Outras duas testemunhas responderiam por perjúrio, por terem mentido na delegacia, conforme informou Frank.
“Estão todos presos e os menores apreendidos. São três executores, um mandante, dois que enterraram e quatro menores que articularam o crime. É uma crueldade muito grande, elas [as vítimas] foram muito torturadas”, disse o delegado na época.
Dos três executores, o delegado informou ainda que dois confessaram o crime e os outros dois também confessaram que enterraram as vítimas.
Os adolescentes desapareceram no dia 20 de dezembro de 2019 e os corpos foram encontrados seis dias depois pela Polícia Militar, no bairro Niterói, que fica no Segundo Distrito de Sena Madureira, em uma cova rasa.
Segundo informou a dona de casa Elizângela Oliveira de Araújo mãe de Thauan Araújo, na época do desaparecimento, os adolescentes eram vizinhos, moravam no bairro Bom sucesso e saíram para o bairro Segundo Distrito, de onde não foram mais vistos.
De acordo com a polícia, os amigos foram convidados por um conhecido para participar de uma festa na casa onde foram vistos pela última vez, no bairro Niterói. As investigações apontaram que os adolescentes foram mortos pelo “tribunal do crime” por fazerem parte de uma facção rival.
No final de dezembro de 2019, três pessoas foram presas suspeitas de participar da morte dos dois jovens. outras duas adolescentes também apreendidas suspeitas de envolvimento no crime.
Um homem de 26 anos suspeito de ser o mandante do crime foi o primeiro a ser preso. A prisão dele ocorreu no mesmo dia em que os corpos foram encontrados. O suspeito foi preso por ameaçar atear fogo nas testemunhas que dessem informações sobre o caso e depois, com o avanço das investigações, ele foi apontado como o mandante do crime.
Um dia após os corpos das vítimas serem achados, a polícia apreendeu duas menores, de 13 e 14 anos, que assumiram a autoria das mortes.
No dia 30 de dezembro de 2019, mais um homem foi preso no bairro Vitória em Sena Madureira, pela Polícia Militar. Logo depois, um homem de 25 anos foi preso no dia 9 de janeiro do ano passado.
Uma terceira adolescente foi apreendida suspeita de envolvimento na morte. A menina, de 14 anos, estava escondida em casa de parentes, em Rio Branco, e retornou para Sena Madureira, interior do Acre, no dia 3 de janeiro do ano passado. O último suspeito foi preso no dia 19 de janeiro de 2020, segundo informações da Polícia Militar.