O município de Sena Madureira, localizado a 244km da capital Rio Branco, no Acre, convive nos últimos anos com o aumento de uma doença que ainda não tem cura, a Síndrome da Imunodeficiência Adquirida (HIV/AIDS). O município que possui uma população de 47.168 habitantes, segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas (IBGE), atualmente tem 94 pessoas que vivem com a doença, é o que mostra o último levantamento realizado em 2021 pela Secretaria Estadual de Saúde do Estado (SESACRE), em parceria com a Secretaria Municipal de Saúde do Município (SEMSA).
O município se destaca de forma negativa, por aparecer em segundo lugar em números de casos, ficando a frente de Cruzeiro do Sul, segundo município em número populacional do estado com 89.960 habitantes que tem atualmente 49 casos de pessoas com o Vírus da Imunodeficiência Humana (HIV/AIDS).
Os dados dos últimos anos, mostram que a maioria dos infectados são pessoas com faixa etária acima dos 20 anos de idade, sendo a maioria do sexo feminino. Pessoas de 20 a 29 anos somam 31 casos e de 30 anos ou mais, somam 56 casos. Homens são 42 e mulheres 52 casos.
De acordo com a Direção de Vigilância em Saúde do município, um trabalho de prevenção vem sendo realizado diariamente nos postos de saúde, com o intuito de diminuir os índices de infecção pela doença.
“Realizamos o trabalho de prevenção o mês todo. Todas as nossas unidades de saúde têm teste rápido. O teste é um dos primeiros métodos de prevenção. Também distribuímos preservativos e panfletos, buscamos realizar campanhas em datas específicas e também no dia a dia. Estamos realizando um trabalho que acreditamos ser bom e estamos buscando melhorar ainda mais para no decorrer dos anos diminuir esses números”, disse Wendy Carolina, diretora de vigilância em saúde do município.
Ainda segundo a profissional de saúde, uma vez diagnosticado com a doença, a pessoa passa a ter, além da medicação ofertada para o tratamento, o acompanhamento psicológico que é oferecido pelo município. “Esses pacientes quando são diagnosticados é informado a eles que temos um psicólogo na secretaria de saúde para atendê-los, mas em alguns casos, muitos preferem não receber o acompanhamento psicológico”, explica Wendy.
A psicóloga Mariana Fonseca diz que o principal motivo da negativa por parte dos pacientes em receber apoio psicológico no primeiro momento, se deve pelo conjunto de sentimentos que o diagnosticado passa a ter após receber a notícia.
“Mesmo com todas as mudanças de perfis das pessoas que têm o HIV, os preconceitos continuam enraizados na sociedade. Existe todo um estigma em volta da doença e esse estigma provoca algumas consequências. Quando a pessoa descobre a doença em si, ela não sabe o que fazer, quem procurar, em quem confiar, não sabe qual vai ser a reação das pessoas mais próximas, das pessoas com quem tem relação íntima. Tudo isso gera medo e vergonha, fazendo com que ela não queira falar sobre o assunto no primeiro momento, dispensando o acompanhamento de um profissional da psicologia, fazendo com que essas pessoas geralmente desenvolvam depressão e outras doenças emocionais”, comentou Mariana.
O vírus pode ser transmitido pelo contato com sangue, sêmen ou fluidos vaginais infectados. Algumas semanas após a infecção pelo vírus, o indivíduo pode apresentar sintomas semelhantes ao de uma gripe como febre, dor de garganta e fadiga. Se tratada de forma correta, o infectado pode ter uma vida relativamente normal, realizando suas atividades profissionais e pessoais sem maiores dados.
No mês de dezembro, data em que as campanhas de combate à doença são intensificadas, as autoridades em saúde divulgarão números ainda mais atualizados dos casos no município do Vale do Iaco.
Por Márcio Levy, para o Acreonline.net