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Bolsonaro troca visita à tragédia em Minas Gerais e na Bahia por outra formatura militar

Por Leonardo Sakamoto

Bolsonaro trocou uma visita aos municípios ilhados ou submersos após as tempestades no Sul da Bahia e Norte de Minas Gerais pela formatura de 197 aspirantes da Marinha na Escola Naval do Rio de Janeiro na manhã deste sábado (11). Não há menção de visita à região afetada na agenda oficial do presidente nos próximos dias.

Jair não é um Messias capaz de andar por cima das águas, nem um Moisés a ponto de afastá-las. Mas a presença do líder do país no local de uma catástrofe, além de prestar solidariedade e demonstrar empatia com as vidas perdidas, acelera o desembaraço da ajuda federal.

Preferiu, novamente, entregar as responsabilidades para seus assistentes enquanto faz atividades junto à sua base, em clara pré-campanha eleitoral.

Pelas redes sociais, Bolsonaro afirmou que as Forças Armadas estariam à disposição de autoridades municipais e estaduais em Minas e na Bahia, bem como a liberação de recursos de FGTS para os atingidos. E informou que o governo reconheceu situação de emergência ou calamidade pública em 17 municípios baianos e 31 mineiros. Mas eles mesmo, nada.

Após críticas nas redes por ter gasto mais tempo com um vídeo populista, afirmando que pernoitou em hotel de trânsito de oficiais no Rio que custa R$ 80 a diária, do que falando da catástrofe, ele reafirmou as medidas em coletiva à imprensa depois da formatura. Nela, aproveitou para sabotar novamente as vacinas contra a covid-19, insinuando que elas causam trombose e embolia.

Populista porque ele e sua equipe de apoio custaram para nós cerca de R$ 1,8 milhão em hospedagem alimentação, passagens aéreas e gastos no cartão corporativo no Carnaval, em São Francisco do Sul, litoral de Santa Catarina. Ele já tinha usado R$ 2,3 milhões dos cofres públicos para curtir o final do ano na mesma São Francisco do Sul e no Guarujá (SP). Um total de R$ 4,1 milhões. As informações haviam sido requeridas ao governo pelos deputados federais Elias Vaz (PSB-GO) e Rubens Bueno (Cidadania-PR).

O ministro da Cidadania e pré-candidato ao governo da Bahia, João Roma (Republicanos), gravou um vídeo afirmando que ele (não o presidente, que estava em outra cerimônia para aspirantes, desta vez da Força Aérea, em Pirassununga) tentou pousar no Sul do estado, mas as condições meteorológicas impediram. Mas isso foi sexta (10). A coluna entrou em contato com o aeroporto de Porto Seguro, neste sábado, que informou que ele está operando normalmente para pousos e decolagens.

O governador de Minas, Romeu Zema (Novo), visitou cidades afetadas nesta sexta (10). E o governador da Bahia, Rui Costa (PT), anunciou que irá ao Sul do estado neste domingo, após dizer que tentou, mas foi impedido pelas condições do tempo.

Eventos extremos como a tempestade que deixou cidades sem água potável e ilhadas vão se tornar ainda mais frequentes na medida que as mudanças climáticas continuarem a produzir efeitos. As mesmas mudanças climáticas que contam com um empurrãozinho do governo Bolsonaro, que estabeleceu um liberou geral para atividades que ajudam a esquentar a temperatura do planeta, como desmatamento, queimadas e garimpo ilegais.