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Avanço da ômicron obriga São Paulo a abrir novos leitos para Covid

O aumento vertiginoso de casos da variante ômicron obrigou a cidade de São Paulo a abrir novos leitos para Covid. E essa pressão também atinge outras capitais.

A ômicron tem levado mais brasileiros para os leitos de UTI na rede pública nas últimas semanas. No Distrito Federal, por exemplo, a taxa de ocupação chegou a 100% nesta terça-feira (25). Segundo um levantamento da Secretaria de Saúde, 90% dos internados não se vacinaram ou não estão com a imunização completa.

Em Campo Grande, a taxa chega a 93%; em Goiânia, 90%; Teresina está perto de 82%; em Natal, é de mais de 75%; Em Curitiba, está em 75%; e em São Paulo, a ocupação média é de 72%. Nesta terça-feira, a Secretaria Municipal de Saúde da capital abriu mais 132 leitos, 82 de UTI.

Os médicos já vinham alertando para o risco de os hospitais voltarem a ficar cheios. É que a variante ômicron é muito mais transmissível. É uma questão matemática. O país vem registrando uma explosão de casos. Ou seja, mesmo que a proporção de internados seja menor agora, estamos falando de uma parte de milhares de contaminados todos os dias, o que pode fazer o sistema de saúde chegar ao limite.

O pesquisador Diego Xavier, da Fiocruz, faz a conta: “Se a gente tomasse, por exemplo, no caso da delta, uma taxa de internação de 10% e a gente contabilizasse 100 mil casos, a gente teria 10 mil internações. No caso da ômicron, se a gente toma um volume de casos de 1 milhão e uma taxa de internação de 1%, a gente também tem 10 mil internações.”

 

O Brasil tem registrado atualmente as maiores médias diárias de casos de toda pandemia. No gráfico, a linha lembra um paredão, que representa o crescimento rápido e repentino das contaminações.

Se a gente tivesse se preparado, se a gente tivesse entendido a gravidade do problema, muitas das pessoas que estão hoje em fila para ser atendidas estariam, sim, recebendo o cuidado adequado”, diz Diego Xavier.

O médico sanitarista Walter Cintra, professor da FGV, diz que só abrir leitos não resolve.

“Se os níveis de contaminação continuarem nessa velocidade, dificilmente a gente vai conseguir, mesmo ampliando leitos, dar conta da pandemia. Quem não se vacinou tem que se vacinar, e tem que manter as medidas de isolamento, uso de máscara, higienização de mão e, principalmente, evitar aglomerações. Não é momento para gente baixar a guarda”, afirma.