Categories: ACRE DESTAQUE

Mulher começa a vender bolinhos de chuva no AC após passar necessidade com os filhos: ‘dormia com fome’

“Em janeiro, a gente passou um sufoco aqui em casa, porque não tinha nada para comer. Tenho três filhos e o mais novo ficava pedindo comida e não tinha de onde tirar, o que ele comia era farinha com açúcar. Então, a dificuldade me fez empreender, ver meus filhos pedindo comida e eu sem poder dar, dormir com fome, fez com que eu pensasse em algo para vender”, destaca.

E nada melhor do que um docinho tão típico no estado acreano, como o bodó, para ser um pontapé inicial. Com poucos ingredientes, essa receita rende bastante e, com a ajuda da mãe, Tainá aprendeu a fazer bolinhos recheados também.

“Uma amiga me motivou, disse que meus docinhos eram muito bons, só que não sabia que ia ter essa proporção toda”, conta.

Para fazer as entregas, ela pedala centenas de quilômetros para os bairros, como o Tucumã, Rui Lino, Universitário, Conquista, Mocinha Magalhães, Manoel Julião, Esperança, Vila Ivonete, Nova Estação e Estação Experimental. Ela faz todas as entregas de bicicleta.

Recentemente, ela postou em um grupo de gastronomia do estado que a bicicleta que usava para as entregas estava bem ruim, podendo sofrer uma acidente. Na postagem, ela falava da superação para vender seus bolinhos. A repercussão foi tão grande que ela ganhou uma bicicleta nova.

“Eu estava fazendo entrega quando um homem me ligou e pediu que eu fosse na loja naquela hora. Eu nem acreditei! Chorei muito. Eu nem conheço o rapaz, ele comprou e pediu que eu fosse buscar. Agora estou de bicicleta nova e sem correr risco de acidente. As pessoas me apoiam, me incentivam e me ajudam. Não imaginei que meus bolinhos fossem fazer tanto sucesso”, conta.

‘Não falta mais nada’

Assim como para toda mãe, não foi fácil para a pequena empreendedora ver os filhos pedindo comida sem poder dar. A receita que recebeu da mãe acabou fazendo com que ela pudesse realizar desejos simples que toda criança quer e que, para uma mãe, é muito prazeroso poder atender.

“Hoje ganho meu dinheiro e não falta mais nada para os meus filhos. Comecei há duas semanas e teve uma proporção que eu não imaginava. Pensei em algo que não fosse tão comum a venda e o bolinho de chuva, apesar de ser fácil fazer, você não vê qualquer canto vendendo uma coisa tão simples. Minha mãe me ensinou a fazer os recheados e assim eu apostei”, conta.

Dentro do que deseja, ela ainda pretende realizar alguns sonhos, um em especial que carrega desde criança: conhecer o mar. Agora, já com família formada, ela passou o mesmo desejo aos filhos.

“Meu sonho é meu ateliê, mas tenho um sonho que, para muitos pode ser besteira, mas meu sonho é conhecer o mar, porque meus filhos me pedem para conhecer o mar. Se eu conseguir realizar , eu seria a pessoa mais feliz. Já pensou? Conhecer o mar, colocar o pé na areia, levar meus filhos”, conta emocionada.

Já para continuar trabalhando, ela pretende um dia ter um espaço para atender todos os clientes. “Meu outro sonho é ter um espaço para que eu possa decorar do meu jeito e vender meus bolinhos de chuva para meus clientes com amor, carinho e dedicação.”


Após seis meses sem conseguir um emprego, o marido de Tainá foi chamado para um teste esta semana. As coisas começam a se ajeitar na casa em que a família mora, mas ela pretende continuar vendendo seus produtos. Como ela só entrega para bairros próximos de onde mora, ela diz que chega a fazer, às vezes, R$ 21 por dia. O bolinho tradicional sai por R$ 7 a dúzia, já o recheado sai por R$ 10 14 unidades.