Os vereadores Éder Borges (PSD), Pier Petruziello (PTB) e Pastor Marciano Alves (Republicanos) protocolaram nesta segunda-feira (7) representações por quebra de decoro contra o vereador Renato Freitas (PT), após o petista participar de um protesto dentro de uma igreja de Curitiba.
No sábado (5), de acordo com o Padre Luiz Hass, o grupo invadiu e interrompeu a missa na Igreja Nossa Senhora do Rosário dos Pretos, no Centro histórico da capital, durante manifestação em memória do congolês Moïse Kabagambe, assassinado no Rio de Janeiro.
Os autores dos pedidos à Mesa Diretora cobram que o caso seja levado ao Conselho de Ética e Decoro Parlamentar da Câmara Municipal de Curitiba para a instauração de processo disciplinar. Renato Freitas tem rebatido as críticas afirmando terem entrado na igreja de forma pacífica e ordeira (leia mais abaixo).
“Os atos praticados pelo parlamentar foram além do considerado ilegal sob o ponto de vista do direito, mas também feriu a moral social coletiva perante a sociedade, ensejando, inclusive, a manifestação dos setores organizados da sociedade civil”, afirma Pier Petruziello na representação.
Na representação, Éder Borges classifica o episódio como de “extrema gravidade” e ressalta que o Código de Ética e Decoro estabelece que os parlamentares tenham conduta digna e compatível com o cargo que ocupam.
“Pelos vídeos amplamente divulgados nas mídias sociais, pode se ver que o Vereador Renato Freitas, ora representado, juntamente com sua turba enfurecida, por meio de intimidação e atos violentos, obtiveram êxito em seu intento e, frustrando os atos litúrgicos da Missa que estava em pleno andamento, adentraram àquele Templo de fé”, diz Borges na representação.
Na sessão desta segunda da Câmara, Renato Freitas foi criticado por diversos vereadores e argumentou que o protesto não atrapalhou nenhuma celebração.
“As imagens mostram que a igreja estava absolutamente vazia. Já se passava das seis da tarde. Entramos e dissemos que nenhum preceito religioso supera a valorização da vida. Lá dentro, afirmamos isso e saímos ordeira e pacificamente, sem que ninguém tivesse se incomodado e eu desafio qualquer um a provar o contrário”, disse o vereador durante a sessão.
Em nota, o PT no Paraná afirma ter sido surpreendido pela repercussão que o protesto teve e afirma não ter participado da “decisão momentânea” do grupo de manifestantes de entrar na igreja.
“Há manipulação de fatos para prejudicar o Partido dos Trabalhadores, pois os vídeos evidenciam que no momento em que os manifestantes estiveram no interior da paróquia, a missa já havia terminado e o templo estava vazio”, afirma a legenda.
O partido reiterou também seu compromisso com o direito à vida e contra qualquer forma de discriminação. “Em tempo, gostaríamos de relembrar que o PT é defensor histórico da liberdade religiosa”.
De acordo com o Padre Luiz Hass, de 74 anos, uma missa estava em celebração quando o grupo invadiu o local. O episódio foi registrado em uma série de vídeos que circula nas redes sociais. O padre Luiz Haas disse que os manifestantes permaneceram por cerca de 20 minutos na igreja, gritando muito.
“Uma situação insuportável, barulho muito grande, pedimos que abaixassem o som lá fora, saíssem da escadaria. Mas começaram a dizer que era igreja dos negros. Suspendi a missa, porque não tinha como, não era horário para fazer o protesto”, afirmou.