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Confira o que se sabe sobre a queda de avião com 132 pessoas na China

Nesta segunda-feira (21), um Boeing 737 com 132 pessoas a bordo caiu na China. O avião, da companhia China Eastern Airlines foi encontrado nas montanhas da região de Guangxi, no sul do país.

O Boeing estava viajando da cidade de Kunming para Guangzhou, no sudoeste, quando perdeu contato sobre a cidade de Wuzhou. Dentro da aeronave, estavam 123 passageiros e nove tripulantes, de acordo com um comunicado da Administração de Aviação Civil da China (CAAC).

Segundo a mídia estatal da China CCTV, as equipes de resgate não encontraram sinais de sobreviventes. Além disso, a causa do acidente ainda não foi determinada. No entanto, é conhecido que o avião estava em serviço e operando pela China Eastern Airlines desde 2015.

Embora muitos dos detalhes sobre a queda ainda não foram esclarecidos, há informações importantes que ajudam a entender a queda da aeronave. Veja a trajetória da aeronave:

 

O acidente

O voo partiu de Kunming às 13h11 locais (02h11 pelo horário de Brasília), mostraram os dados do FlightRadar, e deveria pousar em Guangzhou às 15h05 (04h11).

O avião estava voando a uma altitude de 29.100 pés às 03h20 pelo horário de Brasília. Pouco mais de dois minutos e 15 segundos depois, os dados mostraram que havia descido para 9.075 pés.

Em mais 20 segundos, sua última altitude rastreada foi de 3.225 pés, indicando uma descida vertical de 31.000 pés por minuto, segundo o Flightradar. Os dados meteorológicos disponíveis online mostraram condições parcialmente nubladas com boa visibilidade em Wuzhou no momento do acidente.

Os investigadores tentarão recuperar as duas caixas pretas do avião – o gravador de dados de voo e o gravador de voz da cabine – para ajudar a esclarecer o acidente.

De acordo com a Aviation Safety Network, o último acidente fatal com jato na China foi em 2010, quando 44 das 96 pessoas a bordo morreram quando um jato regional Embraer E-190 da Henan Airlines caiu na aproximação ao aeroporto de Yichun, que estava com baixa visibilidade.

Em 1994, um Tupolev Tu-154 da China Northwest Airlines que voava de Xian para Guangzhou caiu, matando todas as 160 pessoas a bordo e classificando-se como o pior desastre aéreo da China, de acordo com a Aviation Safety Network.

Modelo Boeing 737-800

O avião que sofreu o acidente era um Boeing 737-800. Esta é a versão mais comum dos jatos da Boeing que atualmente estão em serviço, e é o carro-chefe das frotas de muitas companhias aéreas.

Existem 4.502 dos 737-800 em serviço em todo o mundo, de acordo com a empresa de análise de aviação Cirium, tornando-o de longe o avião Boeing mais comum em serviço.

É o modelo de avião mais utilizado nos Estados Unidos, onde há 795 em serviço, assim como na China, que tem 1.177 operando. O modelo ainda é o segundo avião mais usado em todo o mundo, atrás apenas do A320 fabricado pela Airbus.

O 737-800 é um modelo mais antigo, que recentemente foi substituído pelo 737 Max.

Imagens iniciais do acidente

Imagens publicadas online e compartilhadas pela mídia estatal chinesa Diário do Povo mostram nuvens de fumaça saindo de uma área montanhosa e florestada. Um clipe mostra o que parece ser os destroços do avião em uma estrada de montanha lamacenta.

Outros vídeos gravados por câmeras de segurança de uma mineradora próxima à região do acidente — que ainda não foram confirmados por autoridades chinesas e nem por veículos de imprensa independentes — foram obtidos pela imprensa local da China.

As imagens mostram uma aeronave mergulhando em direção ao chão em um ângulo de cerca de 35 graus na vertical. Uma descida brusca e de bico, como mostram os vídeos, é algo raro em acidentes aéreos.

Os dados de rastreamento de voo feitos pelo FlightRadar24 mostraram que o voo 5735 da China Eastern caiu mais de 25 mil pés em menos de dois minutos.

Além disso, informações de vigilância indicaram que o Boeing 737-800 estava a uma altitude de cruzeiro de 8.839 metros quando iniciou uma descida rápida. O mergulho parou brevemente perto de 3.050 metros, antes de recomeçar. Os dados de voo foram perdidos a 975 metros do solo.

O FlightRadar24 publicou as informações junto de um gráfico que ilustra o declínio drástico. “Às 06:20:59 UTC a aeronave Boeing 737-800 começou a perder altitude muito rapidamente. Às 06:22:35 UTC o último sinal ADS-B mostrou velocidade vertical de -31.000 pés por minuto”, diz a postagem.

 

Problemas de segurança anteriores

A Boeing iniciou as entregas do 737-800 em 1998, mas não entregou uma versão civil do avião desde que dois foram para a China Eastern em janeiro de 2020.

O Boeing 737-800 faz parte de uma classe de jatos Boeing conhecida como 737-NG. Os aviões da NG tiveram problemas de segurança citados por agências reguladoras dos EUA, embora nenhum deles tenha chegado ao nível de exigir que os aviões fossem proibidos de decolar.

Em 2018, um único passageiro foi morto em um Boeing 737-700, outro modelo da NG. Na ocasião, uma pá do ventilador do motor de um voo da Southwest Airlines quebrou e fez com que parte da cobertura do motor atingisse a lateral do avião.

A peça quebrou uma das janelas, e a cabine rapidamente despressurizou. A tripulação conseguiu pousar o avião com segurança, mas uma mulher sentada ao lado janela atingida foi morta.

Em 2019, o Conselho Nacional de Segurança nos Transportes dos EUA recomendou que a Boeing redesenhasse parte das tampas do motor da aeronave para evitar que voem para dentro do avião no caso de um mau funcionamento semelhante. A Boeing concordou em fazer a mudança.

Em alguns aviões mais antigos, uma parte usada para manter as asas no lugar foi encontrada com rachaduras. Essas rachaduras impediram temporariamente a decolagem de diversos modelos 737 NGs.

Outros acidentes fatais envolvendo o 737-800 ocorreram quando os aviões estavam pousando com mau tempo e derraparam ou saíram das pistas. Dois modelos da aeronave foram atingidos por mísseis enquanto voavam, um na Ucrânia em 2014 e o outro no Irã em 2020.

Aeronaves Boeing 737-800 da companhia permanecerão em solo

Por sua vez, a China Eastern Airlines indicou que irá impedir a decolagem de todos os seus voos com aeronaves Boeing 737-800, de acordo com a mídia estatal chinesa CCTV.

Os voos em andamento com esta aeronave “não farão mais voos após o pouso”. A Boeing disse em comunicado que estava “ciente das reportagens iniciais da mídia e trabalhando para reunir mais informações”.

Presidente chinês ordena operações de resgate

O presidente da China, Xi Jinping, ordenou que os serviços de emergência do país “organizem uma operação de busca e resgate” e “identifiquem as causas da queda” do avião, informou a mídia estatal.

“Após o acidente, o presidente Xi Jinping imediatamente deu instruções para ativar o mecanismo de emergência, organizar busca e resgate e lidar adequadamente com as consequências”, disse a CCTV.

No entanto, os esforços de resgate podem enfrentar obstáculos devido ao mau tempo e acessibilidade limitada ao local, informou a mídia estatal chinesa.

 

 

 

 

 

 

 

 

A equipe de resgate não pode acessar o local do acidente, que não tem eletricidade, pois é cercado por montanhas em três lados e só pode ser alcançado por um caminho estreito, disse a estatal CCTV, citando o Departamento de Bombeiros de Guangxi Wuzhou.

Além disso, o Departamento Meteorológico de Guangxi disse que as autoridades devem tomar nota dos impactos adversos nos esforços de resgate devido a uma frente fria que deve trazer chuvas fortes e queda de temperatura no condado de Tengxian, província de Guangxi, onde fica o local do acidente.

O Boeing 737 Max

Outro modelo da Boeing, o 737 Max, sofreu dois acidentes fatais, em 2018 e 2019, que foram causados ​​por uma falha de projeto e levaram a uma interrupção global de voos da aeronave por 20 meses.

O impedimento de decolagens devido aos acidentes custaram à Boeing dezenas de bilhões de dólares. O 737-800 não tem o recurso que causou os acidentes com o 737 Max.

O modelo 737-800, que sofreu o acidente nesta segunda, é o antecessor do modelo 737 MAX, que está parado na China há mais de três anos após acidentes fatais em 2018, na Indonésia, e em 2019, na Etiópia.

Mercado

O provedor de dados de aviação OAG disse este mês que a estatal China Eastern Airlines era a sexta maior do mundo em capacidade semanal programada de assentos e a maior da China.

A China teve um mercado de aviação doméstico relativamente forte durante a pandemia de coronavírus, apesar das restrições apertadas aos voos internacionais. O histórico de segurança do setor aéreo da China está entre os melhores do mundo na última década.

As ações da Boeing caíram 8% antes da abertura do pregão desta segunda-feira (21). A Boeing não respondeu imediatamente a um pedido de comentário.

As ações da China Eastern Airlines 0670.HK em Hong Kong fecharam em queda de 6,5% após a notícia do acidente, enquanto suas ações CEA listadas nos EUA caíram 17% nas negociações de pré-mercado.