O Podemos informou nesta terça-feira (8) que acatou o pedido de desfiliação do deputado estadual Arthur do Val, conhecido como “Mamãe Falei”. Em vídeo, ele também anunciou que sairá do Movimento Brasil Livre (MBL).
“Então eu tomei a decisão de me afastar de tudo um pouco, me afastar do MBL. Eu vou sair. Eu sei como tá, eles estão me ligando. E não, eu vou me afastar. Eu estou atrapalhando, eu vou sair”, disse o deputado.
A decisão acontece após áudios sexistas feitos pelo deputado terem sido divulgados na internet. No caso, ele afirmou que “ucranianas são fáceis porque são pobres”.
A assessoria do Podemos confirmou à repórter da CNN Tainá Falcão que recebeu e acatou a desfiliação do deputado, diante da abertura do processo disciplinar que poderia resultar em cassação do parlamentar. Ele estava filiado ao partido há cerca de 30 dias.
A lista de deputados que representaram contra Arthur do Val inclui representantes de partidos adversários, de esquerda e direita. Foram doze pedidos de cassação até agora, assinados individual ou coletivamente por 26 deputados – três pedidos coletivos e nove individuais.
O partido já havia aberto um processo para a expulsão do deputado. Além disso, ele também havia anunciado a retirada da pré-candidatura ao governo do estado de São Paulo na semana passada.
Diversos políticos se pronunciaram sobre o caso. Além do presidente da Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo (Alesp), Carlão Pignatari, que classificou o conteúdo do áudio como “repugnante e inaceitável”, o presidente Jair Bolsonaro (PL), ao ser questionado pela reportagem da CNN, disse que a fala era “tão asquerosa que nem merece comentário”.
Do Val foi para a Ucrânia na semana passada para, segundo ele, “ver o que está acontecendo ‘in loco’”, durante a invasão do país pelas forças russas, lideradas pelo presidente Vladimir Putin. Ao sair do país, enviou mensagens de voz nas quais faz comentários sexistas sobre as refugiadas ucranianas.
“É inacreditável a facilidade. Essas ‘minas’ em São Paulo se você dá bom dia elas ‘iam’ cuspir na tua cara. E aqui elas são supersimpáticas, super gente boa. É inacreditável”, disse.
“Mano, eu ‘tô’ mal. ‘Tô’ mal, ‘tô’ mal. Eu passei agora… são quatro barreiras alfandegárias. São duas casinhas em cada país. Mano, eu juro para vocês. eu contei: foram 12 policiais deusas. Deusas, mas deusas, assim, que você casa e, assim, você faz tudo o que ela quiser. Eu ‘tô’ mal, cara. Assim, eu não tenho nem palavras ‘pra’ expressar. Quatro dessas eram ‘minas’, assim, que você, tipo… mano, nem sei o que dizer. Se ela cagasse, você limpa o c* dela com a língua. Assim que essa guerra passar eu vou voltar para cá”, acrescentou Do Val em outra mensagem.
No sábado (5), ao desembarcar no Brasil, ele reconheceu a veracidade dos áudios e pediu desculpas pelos conteúdos vazados.
“Foi errado o que falei, não é isso que eu penso. O que falei foi um erro num momento de empolgação. Pelo amor de Deus, gente, a impressão que está passando é que cheguei lá e tinha um monte de gente e falei ‘quem quer vir comigo aqui que eu vou comprar alguma coisa?’. Não é isso, nem poderia. Inclusive nos áudios, de modo jocoso, informal, falo que não tive tempo de fazer absolutamente nada. Nem tempo para tomar banho, estou há três dias sem banho”, disse.