“Se quiser ser feliz, amarre-se a uma meta, não a pessoas ou a coisas”. Esta frase, proferida pelo físico e filósofo Albert Einstein, talvez consiga condensar um pouco da história do médico cardiologista acreano Igor Henrique D’Ávila, que saiu do interior do estado para se formar no exterior e se especializar na área de cardiologia.
O jovem médico, que sonhava em salvar vidas quando criança, hoje tem duas especializações, sendo uma residência médica na Fundação Hospitalar do Acre (Fundhacre) e outra no hospital Ana Nery, em Salvador (BA). Natural de Sena Madureira e oriundo de escola pública, Igor diz que os percalços enfrentados por ser um estudante do interior do estado fez com que a vontade de ser um profissional da medicina se intensificasse ainda mais.
Por conta disto, resolveu engatar os estudos no exterior, mais precisamente em Cochabamba, na Bolívia, em conjunto com a mãe, Salete Henrique, que hoje é medica no município de Tarauacá, no interior do estado. Por questões pessoais, ela formou um ano depois.
“O desafio inicial foi sair do país tão novo e ir para um lugar diferente, com outro idioma e outra cultura. Essa dificuldade só foi amenizada porque tive o apoio incondicional do meu pai, e por que para minha sorte, era um dos poucos brasileiros que tinha minha mãe ao meu lado. Ela inclusive estudou comigo e era minha parceira de estudos”, relembrou.
TRAJETÓRIA
Após se formar e conseguir revalidar o diploma para poder atuar no Brasil, Igor resolveu estudar para prestar prova de residência médica. Concomitante a isto, atuou também no interior do Maranhão. No entanto, a jornada rumo ao sonho de ser cardiologista não parou por aí.
“Retornei ao Acre em 2018 para fazer dois anos de residência em clinica medica na Fundhacre e depois vim a Salvador fazer mais dois anos de residência em cardiologia. Ao todo até aqui, entre graduação e as duas especializações, já são 14 anos me capacitando para trabalhar como médico, agora especialista”, pontuou.
Atualmente, Igor mora na Bahia em razão da facilidade de locomoção a São Paulo, estado onde precisa viajar, mensalmente, para fins profissionais. Contudo, ele adiantou que pretende retornar ao Acre ainda no final do ano.
“A cardiologia tem suas ramificações e subespecialidades, como por exemplo ecocardiografia, hemodinâmica e arritmia. Estes cursos de especialização nós não temos no estado. Portanto, o próximo passo agora é esse, continuar me capacitando para retornar ao estado na minha melhor versão enquanto profissional”, frisou.
DESAFIOS
Questionado sobre qual foi a parte mais desafiadora de ter que sair de um município com pouca estrutura e de, posteriormente, ter logrado êxito na profissão, Igor disse que a prova do Revalida, exigida para estudantes de Medicina que pretendem trabalhar no Brasil, foi a que mais lhe causou receio, tendo em vista os baixos índices de aprovação. Vale ressaltar que o diploma foi revalidado pela Universidade Federal do Acre (Ufac), instituição onde ele fez a prova.
“Naquela época, o retrospecto de aprovação entre os inscritos beirava os 10 a 15%, (que são) números assustadores. Além disso, o exame só era feito uma vez por ano, obrigando quem reprovasse a esperar mais um ano para tentar novamente. Graças a Deus deu tudo certo e revalidei em, aproximadamente, 6 meses de formado, na primeira prova realizada”, destacou.
E não era somente ele que ansiava em se formar, passar no Revalida e começar a atuar na área. A família de Igor, por sua vez, também depositava muita expectativa no jovem. Hoje, ele acredita que a capacitação, o aprimoramento e o estudo, tríade esta que o ajudou a ser um profissional de qualidade, são importantes para quem deseja alcançar um objetivo em qualquer ramificação profissional que seja.
“A trajetória que segui, de estudar fora, muitas vezes é tida por alguns como ‘o caminho fácil’, mas definitivamente não é […] as pessoas sempre diziam: ‘vá, mas volte, pois eu quero ser atendido por você, meu filho’. E foi o carinho e a esperança dos que acreditam em mim e aguardam o meu retorno que me motivaram a nunca desistir. O estudo muda vidas e muda histórias. Mudou a minha, e vai continuar mudando muitas outras”, concluiu.