Em meio a uma mudança de casa e a incerteza que a pandemia trouxe, a empresária Rosiany Albuquerque decidiu arriscar e tirar da gaveta um antigo projeto que tinha com o marido Victor Pontes. Os dois mantêm uma pousada rústica em Xapuri, no interior do Acre, e no final de 2020 decidiram se mudar para Rio Branco e criar um guesthouse, que é uma casa compartilhada para que pessoas possam se acomodar.
A empresária conta que o marido já trabalha há muitos anos com expedição indígena e os dois há muito tempo planejavam ter uma espécie de hostel para acomodar esses clientes enquanto estavam na capital – já que, segundo ela, 80% do público é formado por estrangeiros.
Foi procurando uma casa na capital para se mudar que os dois encontraram um espaço que reunia tudo que eles precisavam para tirar a ideia do papel, que estava adormecida há um tempo.
A Plataforma “Amazônia Que Eu Quero” realiza o fórum “Empreendedorismo” no próximo dia 20.
O objetivo é discutir novas opções de modelo econômico para a Amazônia. Busca-se elencar possibilidades reais de união da tecnologia com a utilização dos recursos naturais, gerando uma cadeia produtiva consciente, perene e sustentável, com benefícios econômicos e sociais para os amazônidas.
Uma casa grande, com um jardim extenso e ar simpático que fica na estrada da floresta foi a responsável para dar forma a esse sonho. Ela é administradora de empresas e o marido turismólogo e decidiram, há alguns anos, apostar no que o Acre tem em potencial: etnoturismo e ecoturismo.
“Quando a gente mudou para cá, o Victor já trabalhava com expedições indígenas há muitos anos, acho que mais ou menos há 10 anos, e ele sempre teve essa necessidade de um lugar que conseguisse receber esses estrangeiros na capital e aí os hotéis sempre são muito caros. Sempre pensamos em ter um espaço, uma chácara para receber esse pessoal antes de ir para a aldeia”, conta.
Para eles, seria mais um desafio, mas não uma novidade, já que eles já mantêm a Pousada Ayshawa, que fica em Xapuri, é bem rústica, inclusive, com algumas espécies de animais, como araras, e com capacidade para 30 pessoas.
Sem contar que o marido já tem uma agência firmada, que recebe esses turistas que buscam conhecer e fazer uma verdadeira imersão na Amazônia, conhecendo mais a cultura da região.
“A gente estava procurando uma casa para comprar e na imobiliária estava essa casa aqui, então toda aquela ideia que tinha ficado atrás veio à tona novamente. Começamos a pensar na possibilidade, se dava ou não dava, naquela incerteza da pandemia, mas, mesmo assim, decidimos meter a cara”, conta.
Em Xapuri, a administradora conta que também já mantinha um trabalho como uma espécie de colônia de férias e, além de tudo, queria montar um espaço em que as pessoas pudessem ir para também relaxar.
“A pandemia não atrapalhou a gente porque aqui era um lugar onde as pessoas podiam descansar e respirar ar puro, porque estava todo mundo trancado, então acabou sendo uma ideia super legal, porque as pessoas vinham se hospedar ou passar o dia para sair de dentro de casa, já que aqui não tem como aglomerar, porque é muito grande”, disse.
A média de hóspedes varia muito, já que, segundo ela, depende muito dos eventos e festivais indígenas que ocorrem no estado – já que trabalham com esse tipo de serviço.
São três tipos de hospedagem, que vai desde a suíte master, que é o ambiente mais amplo e que onde geralmente as pessoas reservam para fazer uma noite especial, como núpcias, comemoração de alguma data, até os belichários que são destinados aos viajantes e que são hospedagens mais em conta.
“Temos também suítes normais, com banheiros, sacadas que serão viradas para os bosques e temos as hospedagens mais econômicas. Dentro disso, para aproveitar totalmente os espaços, já que temos um lago, tem prancha de stand up, caiaque e slackline”, conta.
Mas, não para por aí, como o espaço remete à calmaria, quem se hospeda ou opta pelo day use também pode ter acesso a um spa, que é feito no jardim, tecido acrobático ou apenas curtir o dia com amigos em um espaço aconchegante e familiar, já que é essa atmosfera que o casal pretende manter para quem compartilha do espaço.
Para quem preferir, há também um serviço que inclui um passeio pelo Rio Acre, onde as pessoas podem almoçar em um flutuante, que é proporcionado pelo empreendimento, caso o hóspede tenha interesse.
No primeiro fim de semana do mês, eles também fazem um evento reunindo indígenas para que as pessoas possam conhecer um pouco mais da cultura.
“A gente faz noitada com os indígenas, uma tarde cultural, já que as pessoas cobram muito de que tenha esse dia com os indígenas, já que é o segmento que a gente trabalha. A gente sempre faz sarau, uma tarde cultural para mostrar a cultura desses povos”, finaliza.