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Em Cruzeiro do Sul, menina é diagnosticada com doença de Chagas após tomar açaí

Uma criança de 10 anos, moradora do Rio Liberdade, zona rural de Cruzeiro do Sul, deu entrada na Unidade de Pronto Atendimento (UPA) no último sábado (2) e foi diagnosticada com doença de Chagas. Da UPA, a menina foi transferida para o Hospital do Juruá, onde está em tratamento.

O pai relata disse ao site Ac24horas que a criança tomou açaí há sete dias e desde então apresentava febre, frio, pele amarelada e abdômen inchado.

Mesmo com o diagnóstico, a menina recebeu alta por não haver critério para internação.

“Tratamento de doença de Chagas, agudo, sem alteração clínica, é ambulatorial, com acompanhamento ou não de infectologista. É o que tem descrito na literatura”, justificou o médico plantonista.

A doença de Chagas (ou Tripanossomíase americana) é a infecção causada pelo protozoário Trypanosoma cruzi. Apresenta uma fase aguda (doença de Chagas aguda – DCA) que pode ser sintomática ou não, e uma fase crônica, que pode se manifestar nas formas indeterminada (assintomática), cardíaca, digestiva ou cardiodigestiva.

A doença de Chagas pode apresentar sintomas distintos nas duas fases que se apresenta, que são a aguda e a crônica. Na fase aguda, os principais sintomas são:

  • febre prolongada (mais de 7 dias);
  • dor de cabeça;
  • fraqueza intensa;
  • inchaço no rosto e pernas.
  • No caso de picada do barbeiro, pode aparecer uma lesão semelhante a um furúnculo no local

Após a fase aguda, caso a pessoa não receba tratamento oportuno, ela pode desenvolver a fase crônica da doença, inicialmente sem sintomas (forma indeterminada), podendo, com o passar dos anos, apresentar complicações como:

  • problemas cardíacos, como insuficiência cardíaca;
  • problemas digestivos, como megacólon e megaesôfago

FORMAS DE TRANSMISSÃO

As principais formas de transmissão da doença de Chagas são:

  • Vetorial: contato com fezes de triatomíneos* infectados após o repasto/alimentação sanguínea. A ingestão de sangue no momento do repasto sanguíneo estimula a defecação e, dessa forma, o contato com as fezes.
  • Oral: ingestão de alimentos contaminados com parasitos provenientes de triatomíneos infectados ou suas excretas.
  • Vertical: ocorre pela passagem de parasitos de mulheres infectadas por T. cruzi para seus bebês durante a gravidez ou o parto.
  • Transfusão de sangue ou transplante de órgãos de doadores infectados a receptores sadios.
  • Acidental: pelo contato da pele ferida ou de mucosas com material contaminado durante manipulação em laboratório ou na manipulação de caça.

O período de incubação da doença de Chagas, ou seja, o tempo que os sintomas começam a aparecer a partir da infecção, é dividido da seguinte forma:

  • Transmissão vetorial – de 4 a 15 dias.
  • Transmissão transfusional/transplante – de 30 a 40 dias ou mais.
  • Transmissão oral – de 3 a 22 dias.
  • Transmissão acidental – até, aproximadamente, 20 dias.
  • Transmissão vertical – tempo indeterminado, a transmissão pode ocorrer em qualquer período da gestação ou durante o parto.

Triatomíneos – são insetos popularmente conhecidos como barbeiro, chupão, procotó ou bicudo. O seu ciclo de vida é composto pelos estágios de ovo, ninfa (cinco estádios ninfais) e adulto. Tanto as ninfas como os adultos, de ambos os sexos, alimentam-se de sangue e, portanto, se infectados, podem transmitir o T. cruzi.

TRATAMENTO

O tratamento da doença de Chagas deve ser indicado por um médico, após a confirmação da doença. O remédio, chamado benznidazol, é fornecido gratuitamente pelo Ministério da Saúde, mediante solicitação das Secretarias Estaduais de Saúde e deve ser utilizado em pessoas que tenham a doença aguda assim que ela for diagnosticada.

Para as pessoas na fase crônica, a indicação desse medicamento depende da forma clínica e deve ser avaliada caso a caso. Em casos de intolerância ou que não respondam ao tratamento com benznidazol, o Ministério da Saúde disponibiliza o nifurtimox como alternativa de tratamento, conforme indicações estabelecidas em Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas.

Independentemente da indicação do tratamento com benznidazol ou nifurtimox, as pessoas na forma cardíaca e/ou digestiva devem ser acompanhadas e receberem o tratamento adequado para as complicações existentes.

Fonte: Ministério da Saúde