Uma família venezuelana procurou a UPA da Sobral, em Rio Branco, nessa sexta-feira (29), com suspeita de varíola dos macacos. Pai, mãe e uma criança procuraram a unidade de saúde onde foram submetidos a exames que comprovam a doença.
Ao g1, a assessoria de comunicação do estado confirmou que a família esteve na UPA e foi submetida a exames, mas ressaltou que apenas a criança apresenta algum tipo de lesão. O órgão disse ainda que os três casos ainda não foram oficializados como suspeitos nem pelo estado e nem pelo município, que é quem faz a notificação.
A análise que comprova a suspeita deve sair em 20 dias. Após ser atendida, a família foi liberada, pois os três estavam clinicamente bem, e voltaram para o abrigo de imigrantes, que fica na capital acreana, onde seguem recebendo acompanhamento.
No Acre, amostras coletadas são encaminhadas para a Fundação Ezequiel Dias (Funed), em Minas Gerais.
O último casos oficializado pela Sesacre ocorreu ainda na sexta (29). A investigação é feita em uma mulher, de 54 anos, moradora de Cruzeiro do Sul, interior do estado.
Ela deu entrada no Hospital Regional do Juruá com lesões na pele que apareceram há três meses, época em que se mudou da França para a cidade acreana.
O caso foi notificado pelo Centro de Informações Estratégicas em Vigilância em Saúde (Cievs) da Regional Alto Juruá na sexta. A Vigilância Epidemiológica Municipal também acompanha o caso. A mulher é a sétima moradora com sintomas da doença no estado.
No último dia 25, o primeiro caso da doença foi confirmado no estado. O resultado de dois exames de casos suspeitos, que ainda estavam em investigação, chegaram da Funed na segunda e deles deu positivo.
O paciente, de 27 anos, viajou para o exterior e, em seu retorno, apresentou febre, cansaço físico e pápulas espalhadas pelos braços e abdômen, sendo notificado no último dia 11, pela Unimed. Ele foi a quinta notificação, registrada em 12 de julho.
Casos
Dos seis casos suspeitos investigados anteriormente, um foi confirmado e os outros cinco descartados.
No dia 14 de junho, a Sesacre confirmou que investigava o primeiro caso da doença no estado. O paciente era um homem de 30 anos, que deu entrada em uma unidade de saúde e apresentou sintomas leves. Porém, no dia 6 de julho, foi confirmado que as amostras dele, que estava em investigação, em laboratório em Minas Gerais, deram negativo para a doença.
No final de junho, a Secretaria Municipal de Saúde de Cruzeiro do Sul confirmou que investigava dois casos. A secretária de Saúde da cidade, Valéria Lima, explicou que se tratava de duas mulheres que não viajaram e nem tiveram contato próximo com pessoas que estiveram no exterior. Porém, por questão de protocolo, foi necessário coletar as amostras, que também deram negativo.
No mesmo dia em que descartou o primeiro caso, a saúde anunciou que mais um estava em investigação, que era um paciente de Boca do Acre no Amazonas. Também com resultado negativo.
Já no dia 12 de julho, foi informada a quinta notificação. O paciente é um homem jovem, que deu entrada em um hospital da rede privada de Rio Branco apresentando febre, cansaço físico, lesões na pele e bolhas espalhadas pelos braços, abdômen e pescoço. O rapaz confirmou ter viajado ao exterior. Este foi o caso confirmado da doença.
No dia 13 de julho, também houve mais uma notificação em Cruzeiro do Sul. O paciente, de acordo com as informações da Sesacre, trabalha em um comércio em área indígena no município de Feijó, e relatou que teve contato com pessoas de outros países há três meses e outras cinco pessoas do estado de Minas Gerais, mas não teve contato físico direto com eles.
Os sintomas apresentados foram bolhas, febre de alta, dor de cabeça, fraqueza, e aumento dos linfonodos do pescoço no primeiro dia de sintomas. Ele estava em isolamento domiciliar desde que apareceram os sintomas e o resultado deu negativo.
Macaco não é transmissor
Apesar do nome da doença, o chefe do Departamento de Vigilância em Saúde do estado, Gabriel Mesquita, destaca que a doença não tem ligação com o macaco e que é considerada leve. Ele faz o alerta para que as pessoas não venham fazer algum tipo de mal ao animal.
“Na verdade, foi consenso para definição do nome para Monkeypox justamente pelos macacos não terem envolvimento nesse processo de transmissão e para evitar que as pessoas façam esse mal com o macaco. Eles não são reservatórios da doença, não fazem essa transmissão direta, então, por isso, que decidiu-se pela comunidade científica que o nome seria Monkeypox para evitar esse estigma aos animais que não tem nada a ver”, pontua.
Ele destaca ainda que a transmissão da doença é feita de forma bem direta, com contato muito próximo.
“É uma doença de transmissão baixa, lenta, e é preciso ter um contato muito próximo, toque na pele, com secreção que sai das fístulas, secreções orais, então é uma doença que pode ser facilmente evitada com uso de máscara, evitar estar muito próximo a pessoas que estiveram em região que está tendo essa circulação de casos”, orienta.
Sintomas e transmissão
Os sintomas iniciais da varíola dos macacos costumam ser febre, dor de cabeça, dores musculares, dor nas costas, gânglios (linfonodos) inchados, calafrios e exaustão.
Dentro de 1 a 3 dias (às vezes mais) após o aparecimento da febre, o paciente desenvolve uma erupção cutânea, geralmente começando no rosto e se espalhando para outras partes do corpo.
As lesões passam por cinco estágios antes de cair, segundo o Centro de Controle de Doenças (CDC) dos Estados Unidos. A doença geralmente dura de 2 a 4 semanas.
O que é um diferencial indicativo: o desenvolvimento de lesões – lesões na cavidade oral e na pele. Elas começam a se manifestar primeiro na face e vão se disseminando pro tronco, tórax, palma da mão, sola dos pés”, completa Trindade, que é consultora do grupo criado pelo Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações para acompanhar os casos de varíola dos macacos.