A aliança entre o União Brasil e o PT passa pela presidência da Câmara dos Deputados. O PT apoiaria Luciano Bivar para o cargo ocupado atualmente por Arthur Lira (PP), em troca do apoio a Lula já no primeiro turno. Para tanto Bivar desistiria da candidatura à presidência da República (sem chances de vitória).
Ideologia é para a militância. Para as cúpulas vale a conveniência
O foco de Lula é tentar atrair a União Brasil para a base do governo. Há uma expectativa de dirigentes partidários de que a legenda consiga eleger mais de 50 deputados. O partido de Bivar detém a maior fatia de fundo eleitoral e o maior tempo de propaganda de rádio e televisão. Para aliados de Lula, conseguir mais espaço na TV traria um impacto importante para a campanha petista e aumentaria as chances de uma definição ainda no primeiro turno. Para Bivar, importa o apoio de Lula não apenas numa eventual busca pela presidência da Câmara no ano que vem, mas também para que ele seja reeleito deputado.
Aliados do presidente da União Brasil dizem que sem uma articulação na qual o PT e o PSB construam o apoio de prefeitos do estado a Bivar, seria difícil o parlamentar conquistar nova vaga na Câmara.
O parlamentar ficou empolgado com a ideia e conversou com correligionários a respeito. Uma decisão é esperada até sábado (30).
A hipótese de a União Brasil apoiar Lula no primeiro turno, porém, é considerada remota por integrantes da cúpula do partido. Isso porque há dirigentes da legenda, como Ronaldo Caiado, pré-candidato à reeleição em Goiás, que seriam prejudicados com o apoio a Lula.
Além disso, há ainda nomes como o de Mauro Mendes, pré-candidato ao Governo de Mato Grosso, que já declararam apoio a Jair Bolsonaro (PL).
Em Pernambuco, a União tem como pré-candidato a governador o ex-prefeito de Petrolina Miguel Coelho, filho do senador Fernando Bezerra Coelho (MDB), ex-líder do governo Bolsonaro.
O movimento de Bivar pegou de surpresa uma ala da União Brasil em Pernambuco, que já estava com a lista de candidatos a deputado federal e estadual praticamente resolvida. Com a possibilidade de candidatura de Bivar à reeleição, o cenário muda.
Aliados de Bivar dizem que ele chegou a tentar articular uma disputa ao Senado com o apoio de Lula, mas a equação seria difícil de ser solucionada. Para se candidatar a senador, Bivar teria de convencer Miguel Coelho a desistir da disputa pelo governo, o que, segundo aliados, está fora de cogitação.
Bivar terá uma reunião tida como decisiva nesta sexta-feira (29) no Recife. Deverão participar Miguel Coelho, Fernando Bezerra e outros dirigentes da sigla no estado.
Nos bastidores, dirigentes do partido apostam que a sigla conseguirá eleger dois deputados federais em Pernambuco. Os mais cotados são o ex-ministro da Educação Mendonça Filho e o deputado federal Fernando Coelho Filho.
Nos bastidores, Bivar tem sinalizado que gostaria que Fernando Filho ou Mendonça desistissem da disputa para facilitar a sua reeleição.
A saída proposta por Bivar seria que Mendonça fosse para a disputa ao Senado na chapa de Miguel, mas o ex-ministro não quer apostar na incerteza diante de uma vitória dada como certa para federal.
Fernando Filho, por sua vez, não quer abdicar do mandato na Câmara.
Prefeitos aliados de Luciano Bivar foram avisados por interlocutores nos últimos dias e já estão preparados para um apoio à candidatura dele à reeleição de deputado, caso se concretize a mudança de planos do parlamentar.
Bivar também tenta viabilizar o apoio de prefeitos aliados ao PSB de Alckmin que tem o deputado Jenilson Leite como candidato ao Senado no Acre. O presidente do União Brasil tem boa relação com o governador Paulo Câmara (PSB) e com o prefeito do Recife, João Campos (PSB).
Em Pernambuco, a União Brasil tem três grupos, liderados por Bivar, Miguel Coelho e Mendonça Filho, respectivamente. Desde o fim de semana, a sinalização de uma possível volta de Bivar para ser candidato a federal provocou um rebuliço nas diferentes alas, que passaram a refazer cálculos nas chapas proporcionais.
A convenção do partido em Pernambuco será no próximo domingo (31). Mesmo com a possibilidade de desistência, a convenção de Bivar para a disputa presidencial segue marcada para o dia 5.