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Malabarista que viaja o Brasil de fusca e faz espetáculos ao ar livre para comunidades carentes chega ao AC

Rogério Piva, de 34 anos, um malabarista com vasta experiência na sua área, com passagem por várias países e grandes circos, há 2 anos e meio resolveu dar uma reviravolta na carreira e passou a fazer espetáculos ao ar livre em comunidades carentes Brasil a fora. Ele viaja o país de fusca e leva alegria por onde passa. Na última semana, ele chegou ao Acre onde já fez três apresentações.

O artista, que é natural de São Paulo (SP), faz sua última apresentação na capital acreana nesta sexta-feira (29), na Baixada da Sobral. Mas, ele já passou pelos bairros Bahia Velha, Jequitibá e também por Senador Guiomard, no interior do estado.

Toda essa aventura cultural vivida pelo artista é feita em um fusca, seu meio de transporte, que tem sido o seu parceiro desde que pegou a estrada. Ele já percorreu pelo menos 12 estados brasileiros com esse formato de apresentação batizado de Circo Cultural Democrático.

Isso porque, de acordo com o artista, o circo é autosuficiente com o povo como financiador, ou seja, não é cobrada uma taxa para entrada, mas ele deixa o chapéu e as pessoas colaboram da forma que podem. O malabarista também se mantém com a venda de livros que têm publicados.

O show é ao ar livre com um tom poético e nostálgico. Piva acredita ter se apresentado para cerca de mil pessoas em três espetáculos no Acre.

“Vi o quanto foi transformador na minha vida, na minha comunidade, jovens que nunca tiveram acesso ao teatro, ao circo. Isso foi transformador e agregou na vida deles e hoje ainda é restrito a um grupo privilegiado. Como foi importante para mim, e me levou a 37 países, então, não posso ficar somente nos grandes palcos, quero deixar aquilo que eu posso e colaborar através da minha arte aquilo que eu recebi, talvez transformando um pouquinho dessa realidade tão obscura”, contou.

Fusca parceiro
O grande parceiro de Piva é o seu fusca, que ficou baqueado ao cortar a Transamazônica e precisou de reparos. É nele que o malabarista carrega todos os equipamentos que são uma sanfona, bolsa de malabares, dois monociclos, corda bamba, tapete vermelho, cortina, varal de luz e ribalta, que é o picadeiro, e mais 30 bancos para a plateia. Além disso, ele leva seus objetos pessoais, ferramentas e a caixa com livros. E assim ele segue levando sua arte Brasil a fora.

Mas, até chegar nesse projeto atual, foram muitas outras histórias. O artista relembra que no passado conheceu a arte por meio de um projeto social e por isso decidiu expandi-la com o seu trabalho.

“Sou malabarista e tive contato com a arte em um projeto social na periferia de São Paulo. Nasci e me criei em um contexto de violência e tráfico de drogas, e um projeto social chegou para dar assistência sociocultural para aquela molecada que ficava na rua. Nas comunidades, as únicas coisas que chegam é bar e igreja e essa molecada não tem referência da diversidade que é a cultura no nosso país e nem acesso a coisas que vão empoderar e ajudá-los a descobrir seus talentos”, contou.

A partir deste projeto que ocupou os dias dele com teatro, esporte, dança e circo, Piva aprendeu o malabarismo e começou trabalhando nas ruas e depois foi para o circo, viajou o mundo, com passagem por 37 países, recebeu prêmios internacionais, chegou a fazer show para o papa e participou de diversos espetáculos.

Foram anos de viagens e grandes palcos, mas isso não seria suficiente para o artista que ainda queria algo mais e saiu para ir às ruas e levar o seu espetáculo para comunidades rurais e comunidades periféricas do Brasil.

“Gosto de romper com essa coisa da bilheteria, que é um limitador de quem pode pagar e quem não pode. No meu show, levo tudo no fusca, um cenário grande e não cobro nada, deixo o chapéu que é uma forma democrática e que todo mundo pode acessar pagando muito, pouco ou pagando nada. É dessa maneira, trabalhando o conceito do colaborativo que as pessoas entendem que elas são protagonistas do projeto”, conta.

Além disso, ele se mantém com a venda de livros que tem publicado, conta com a ajuda de parceiros, como o do Clube do Fusca em Rio Branco , e do projeto social Amigos Solidários e em algumas cidades das Secretarias de Cultura, como ocorreu em Senador Guiomard, no interior do Acre.

Malabarismo, que é a especialidade dele, além de muitos conceitos sobre o poder transformador da arte, com discussões ao longo do show que podem até lutar por espaços culturais porque têm o poder de transformar a vida das pessoas.

Ao sair do Acre neste sábado (30), ele segue para o Peru, onde vai participar de um festival andino.