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Acre é o pior do Brasil em vacinação de crianças contra a paralisia infantil, diz Ministério da Saúde

O Acre é o estado brasileiro com o menor índice de vacinação contra a pólio em crianças de 0 a 4 anos, segundo dados do Ministério da Saúde. Em geral, todos os estados brasileiros estão com baixa cobertura no esquema vacinal em relação a este público alvo.

O objetivo do Ministério da Saúde é vacinar pelo menos 14,3 milhões de crianças e o ideal é que 95% desse total fossem imunizados. A poliomelite também é conhecida como paralisia infantil e seus danos podem ser irreversíveis.

O Ministério da Saúde, no entanto, tem informações de que o país indica um cenário em que três em cada 10 crianças não foram vacinadas. A situação passa a ser pior quando os números são estratificados por estados.

O Acre, por exemplo, assumiu a ponta da baixa vacinação e ocupou o lugar que anteriormente era do Amapá, onde o percentual é de apenas 44% de bebês imunizados, segundo o painel de dados do Ministério da Saúde.

O problema assola com mais rigor outros estados do Norte em relação à região Sul do Brasil. Na leitura regional, os estados do Sul vêm vacinando o público alvo a uma média de 79%. No Norte, a proporção é de 61%, índices muito longe daqueles planejados pelo Ministério da Saúde.

O Brasil comemorou, no início de agosto de 2022, 10 anos da chegada de um aliado de peso para manter a paralisia infantil longe das crianças brasileiras: a vacina inativada contra a poliomielite, cuja injeção intramuscular é considerada mais eficaz e segura que as famosas gotinhas que erradicaram a doença no Brasil e em boa parte do mundo.

Apesar disso, o aniversário de uma década da vacina no Programa Nacional de Imunizações (PNI) está sendo lembrado em agosto deste ano com preocupação por parte de pesquisadores e autoridades de saúde: enquanto a doença reaparece em algumas partes do mundo, a cobertura vacinal contra a pólio no Brasil está cada vez mais longe da meta de 95% das crianças protegidas.

A vacina inativada contra a poliomielite foi introduzida em 2012 com duas doses, mas foi ampliada para três doses em 2016. O PNI recomenda que elas sejam administradas aos 2, 4 e 6 meses de idade, conferindo uma imunidade que só é reforçada aos 15 meses e aos 4 anos, com as gotinhas da vacina oral.

De acordo com o Sistema de Informações do Programa Nacional de Imunizações (SI-PNI), as doses previstas para a vacina inativada contra a pólio atingiram a meta pela última

vez em 2015, quando a cobertura foi de 98,29% das crianças nascidas naquele ano.

Depois de 2016, a cobertura caiu para menos de 90%, chegando 84,19% no ano de 2019. Em 2020, a pandemia de covid-19 impactou as coberturas de diversas vacinas, e esse imunizante chegou a apenas 76,15% dos bebês. Em 2021, que ainda pode ter dados lançados no sistema, o percentual ficou abaixo de 70% pela primeira vez, com 69,9%.

O Brasil não detecta casos de poliomielite desde 1989 e, em 1994, recebeu da Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS) a certificação de área livre de circulação do poliovírus selvagem, em conjunto com todo o continente americano. A vitória global sobre a doença com a vacinação fez com que o número de casos em todo o mundo fosse reduzido de 350 mil, em 1988, para 29, em 2018, segundo a Organização Mundial da Saúde.

O poliovírus selvagem circula hoje de forma endêmica apenas em áreas restritas da Ásia Central, enquanto, em 1988, havia uma crise sanitária internacional com 125 países endêmicos.

A queda das coberturas vacinais no continente americano, porém, fez a Organização Pan-Americana de Saúde (OPAS) listar o Brasil e mais sete países da América Latina como áreas de alto risco para a volta da doença.

O alerta ocorre em um ano em que o continente africano voltou a registrar um caso de poliovírus selvagem, e a cidade de Nova York, nos Estados Unidos, notificou um caso de poliomielite com paralisia em um adulto que não teria viajado para o exterior.

Especialistas dizem que a infecção pelo poliovírus é muitas vezes assintomática, mas pode ser grave e provocar paralisias irreversíveis e fatais, já que, além dos membros, a pólio também pode paralisar os músculos responsáveis pela respiração. Nesses casos, a sobrevivência do paciente pode passar a depender do uso de um respirador.

Três doses da vacina intramuscular deixam as crianças protegidas contra os três sorotipos do poliovírus,

enquanto as gotinhas imunizam apenas contra dois deles. Para os pais que perderam o momento dessa vacina ou atrasaram alguma das três doses, o recomendável é que os pais retornem imediatamente aos postos para continuar o esquema vacinal de onde ele foi interrompido.

A Campanha Nacional de Vacinação contra a Poliomielite e Multivacinação teve início dia 8 de agosto e vai até o dia 9 de setembro. Neste sábado (20) será o Dia Nacional de Mobilização visando vacinar o maior número possível de crianças abaixo de 5 anos de idade, em todo o país. O foco é atualizar a caderneta vacinal dos menores de 15 anos contra diversas doenças.

O Brasil recebeu o certificado de eliminação de pólio em 1994, mas a baixa cobertura vacinal nos últimos anos preocupa especialistas. A senadora Zenaide Maia (PROS-RN), que é médica especialista na área, destaca a importância da vacina e da cobertura vacinal.

Por isso, neste sábado, mais de 38 mil postos de vacinação de todo Brasil estarão abertos. É o dia D da Campanha Nacional de Vacinação contra a Poliomielite e Multivacinação. A campanha tem por objetivo aumentar as coberturas vacinais, evitando a disseminação de doenças como o sarampo ou a reintrodução de vírus já erradicados no Brasil, como o da pólio.

As vacinas do Calendário Nacional de Vacinação, disponíveis para atualização da carterinha, são: Hepatite A e B, Penta (DTP/Hib/Hep B), Pneumocócica 10 valente, VIP (Vacina Inativada Poliomielite), VRH (Vacina Rotavírus Humano), Meningocócica C (conjugada), VOP (Vacina Oral Poliomielite), Febre amarela, Tríplice viral (Sarampo, Rubéola, Caxumba), Tetraviral (Sarampo, Rubéola, Caxumba, Varicela), DTP (tríplice bacteriana), Varicela e HPV quadrivalente (Papilomavírus Humano).

Estão disponíveis para os adolescentes, as vacinas HPV, dT (dupla adulto), Febre amarela, Tríplice viral, Hepatite B, dTpa e Meningocócica ACWY (conjugada). Todos os imunizantes que integram o Programa Nacional de Imunizações (PNI) são seguros e estão registrados pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).

Para a campanha contra a poliomielite, o grupo-alvo totaliza mais de 14,3 milhões de crianças. As menores de um ano deverão ser vacinadas conforme a situação vacinal encontrada para esquema primário. Já as crianças de um a quatro anos deverão ser vacinadas indiscriminadamente com a Vacina Oral Poliomielite (VOP), desde que já tenham recebido as três doses de Vacina Inativada Poliomielite (VIP) do esquema básico.

A capital Rio Branco abre dez pontos de imunização contra a poliomielite neste sábado. O atendimento é feito das 8h às 14h nas unidades de saúde e no Shopping Popular.
Já no Via Verde Shopping as equipes começam a vacinar às 14h e seguem até às 20h. A meta é vacina 1,6 mil crianças nessa faixa etária na capital acreana.

Em Rio Branco, a vacina vai estar disponível nos seguintes pontos:
Urap Roney Meireles;
Urap Cláudia Vitorino;
Urap São Francisco;
Urap Eduardo Assmar;
Urap Rosângela Pimentel;
Urap Vila Ivonete;
Urap Hidalgo de lima;
USF Cidade do Povo;

Para vacinar o filho, os pais e responsáveis devem levar apenas a carteirinha de vacinação. Equipes da Saúde do Acre também voltam a atender crianças e adolescente com imunização contra a poliomielite no no domingo (21). Os atendimentos começam às 9h e seguem até 15h no Centro de Referência para Imunobiológicos Especiais (Crie), na Avenida Getúlio Vargas, no Bosque, em Rio Branco.

Além da poliomielite, as equipes vão disponibilizar todas as vacinas oferecidas pelo Sistema Único de Saúde (SUS). Crianças e adolescentes precisam estar acompanhados dos pais e responsáveis.

A baixa vacinação no Acre decorreria de vários fatores. Um deles seria os problemas registrados com adolescentes que tomaram a vacinas contra o HPV e que teriam passado a enfrentar problemas neurológicos e de locomoção, em 2016.; Outro fator seria um campanhas de negacionistas contra as vacinas com uso inclusive da Internet.

A coordenadora do Programa Nacional de Imunização (PNI) no Acre, Renata Quiles, disse que a vacina nunca faltou e que o Estado tem abastecido os municípios devidamente. “Campanhas de vacinação são realizadas frequentemente e o que não falta é acesso à informação, mas desde o início da pandemia o Estado tem encontrado uma certa resistência por parte da população, mediante a propagação de fake mews e de grupos anti-vacina. O Estado tem feito a sua parte”, disse à coordenadora por meio da assessoria imprensa da Secretaria de Saúde do Acre (Sesacre).