De A MetSul Meteorologia alerta que uma forte frente fria vai avançar pelo Brasil nesta semana com chuva em diversas regiões e os maiores acumulados de precipitação em algumas cidades nos últimos meses. A frente precederá uma massa de ar polar de grande intensidade que vai derrubar a temperatura com muito frio no Sul, no Centro-Oeste, no Sudeste e em parte do Norte do país na segunda metade da semana.
Duas frentes frias vão se deslocar pelo Centro-Sul do Brasil na semana. A primeira, sem ar muito frio na retaguarda, entre esta segunda e a terça-feira. O tempo se instabiliza com aumento de nebulosidade e chuva nesta segunda-feira em todo o Rio Grande do Sul, no Oeste e Meio-Oeste de Santa Catarina e no Sudoeste do Paraná com o avanço do primeiro sistema frontal. Há risco de chuva moderada a forte em alguns pontos e não se descarta uma possibilidade de granizo de forma isolada.
Na terça-feira, a frente fria se desloca mais para Norte com muitas nuvens e chuva no Norte do Rio Grande do Sul, em Santa Catarina, Paraná, Mato Grosso do Sul e pontos do Oeste e do Sul de São Paulo. No restante do território gaúcho, o tempo tende a apresentar melhoria. Ao avançar para Norte, o sistema frontal provocará chuva localmente a forte e não são descartados temporais isolados, sobretudo no Mato Grosso do Sul.
Na quarta-feira, o sol aparece com nuvens na maior parte do Sul do Brasil e o dia será quente para agosto, mas terá início uma radical mudança do tempo. Um centro de baixa pressão que vai avançar do Norte da Argentina e do Paraguai para a região vai instabilizar o tempo da tarde para a noite em muitas áreas do Sul do Brasil com chuva e temporais. É alta a probabilidade de chuva forte a intensa em vários locais com raios e prováveis temporais, alguns fortes de vento e granizo em alguns pontos.
Na quinta, à medida que uma potente massa de ar frio avança pelo interior do continente, o centro de baixa pressão se desloca para o mar e se aprofunda como um ciclone extratropical que dá origem a uma intensa frente fria que vai trazer chuva no começo do dia em muitas áreas do Sul do Brasil e depois se deslocará para o Sudeste e o Centro-Oeste.
A frente fria, ao se propagar pelo Centro-Sul do Brasil na quinta-feira, trará chuva em grande número de localidades. O sistema tende a enfraquecer ao cruzar pelo Sudeste, onde não deve causar muita chuva e sequer trará precipitação em algumas áreas, mas no Centro-Oeste o ramo frontal será muito ativo com intensa instabilidade no Mato Grosso do Sul e no Mato Grosso.
A advertência é que a frente trará alto risco de chuva localmente forte e de temporais no Centro-Sul do Brasil entre quarta e quinta com alto potencial de tempo severo com chuva forte, granizo e vendavais principalmente no Mato Grosso do Sul e no Mato Grosso. A formação de frentes de rajada poderá gerar tempestades de areia em alguns pontos do Centro-Oeste, além do Paraguai e da Bolívia.
INTENSA MASSA DE AR FRIO ACOMPANHA A FRENTE
Uma intensa massa de ar frio de origem polar de trajetória continental vai infiltrar o território brasileiro entre quinta e sexta-feira, impulsionada pelo ciclone no Atlântico, na retaguarda da frente fria. A temperatura despencará no Sul, em muitas áreas do Centro-Oeste e do Sudeste, e em parte da Região Norte.
A incursão de ar polar vai rivalizar em intensidade com a grande onda polar de maio, embora em alguns locais, como no Brasil Central, o frio não seja igual ao de maio, mas no Rio Grande do Sul e Santa Catarina as temperaturas cairão mais que no evento de frio associado ao ciclone Yakecan do quinto mês deste ano.
A temperatura afunda na quinta nos estados do Sul, Mato Grosso do Sul, grande parte do Mato Grosso, São Paulo e Triângulo Mineiro. Na quinta, grande parte de Minas e o Rio de Janeiro vão ter ar muito quente pré-frontal e calor, mas na sexta a temperatura desaba. A massa de ar frio vai trazer queda de temperatura ainda no Centro-Sul de Goiás, em Rondônia, Acre, Amazonas, Sudoeste do Pará, Espírito Santo e até em parte da Bahia.
O ar frio vai ingressar com fortes rajadas de vento em um grande número de cidades, sobretudo do Centro-Oeste e do Sul do Brasil, o que vai trazer sensação térmica muito baixa. No começo da sexta-feira, nos pontos mais altos do Sul do Brasil, entre os Campos de Cima da Serra e o Planalto Sul Catarinense, as fortes rajadas de vento com temperatura negativa podem trazer sensação térmica em alguns momentos de até 10ºC a 15ºC abaixo de zero.
Na maioria das cidades do Sul do Brasil, a sensação no final da quinta e no começo da sexta estará entre 0ºC e 5ºC negativos, considerando a equação de sensação do National Weather Service dos Estados Unidos que é a mais atualizada e moderna. A antiga, não mais usada há 20 anos pela Meteorologia norte-americana e ainda curiosamente utilizada no Brasil, exagera nos valores de sensação negativa.
Quando o centro de alta pressão do ar pressão polar se estabelecer no final da semana com a melhora do tempo e a escassa nebulosidade, as mínimas serão muito baixas com marcas abaixo de zero nos três estados do Sul. O amanhecer do sábado deve ser o mais gelado do ano até agora no Sul do país com mínimas abaixo de zero em centenas de cidades e que podem cair a 6ºC ou 7ºC abaixo de zero no Rio Grande do Sul e até 8ºC ou 9ºC negativos no Planalto Sul de Santa Catarina. Marcas de 3ºC a 5ºC abaixo de zero podem ocorrer no Planalto de Palmas, no Paraná, conforme os dados de hoje e sujeitos a mudanças.
Porto Alegre pode ter 5ºC na sexta-feira e mínima de 3ºC a 4ºC no sábado, mas na região metropolitana faria entre 0ºC e 2ºC. Pontos de Florianópolis podem ter 3ºC a 5ºC no sábado. Curitiba amanheceria no sábado com marcas de 0ºC a 2ºC. No Mato Grosso do Sul e no interior de São Paulo, muito municípios devem amanhecer sábado com marcas abaixo de 5ºC. Fará muito frio ainda no Triângulo Mineiro e Sul de Goiás.
Mas, dada a potência da massa de ar polar, o frio não vai se limitar à noite. As tardes de quinta e sexta serão muito frias com máximas baixas nos estados do Sul e em parte de São Paulo a tarde da sexta será bastante fria. A capital paulista deve ter a tarde mais fria do inverno na sexta e que pode ser a mais fria também do ano com marcas de 11ºC a 13ºC.
PODE NEVAR?
Os modelos numéricos têm indicado sistematicamente desde a semana passada a possibilidade de nevar no Sul do Brasil na atuação desta massa de ar polar, mas a previsão de neve segue em aberto quanto à possibilidade, intensidade e abrangência na análise da MetSul. Somente na terça ou na quarta-feira se terá uma ideia mais precisa do fenômeno neve, o mais difícil de se prognosticar pelas múltiplas variáveis envolvidas.
Os dados indicam a possibilidade de cair neve no Sul do Brasil entre quinta e sexta, mas em suas saídas do final da semana passada os modelos apontavam um cenário de neve mais forte e com maior abrangência do que agora, inclusive em municípios de baixa altitude, como foi o caso da rodada da tarde da sexta-feira do modelo canadense que chegou a indicar neve no Uruguai e em áreas do Centro, Oeste e o Sul gaúcho.
Ocorre que nas rodadas deste fim de semana, os modelos, em geral, reduziram intensidade e abrangência da neve, limitando o fenômeno às áreas de maior altitude do Rio Grande do Sul e de Santa Catarina, como se observa na projeção do mesmo modelo canadense na rodada da madrugada deste domingo.
O modelo norte-americano, em sua rodada da madrugada deste domingo, mal indicava nesta semana no Sul do Brasil com um ponto de precipitação apenas na área de São Francisco de Paula, no Rio Grande do Sul.
Assim, o cenário de neve é ainda bastante incerto e vai se corrigir ao longo da semana à medida que os modelos numéricos apresentem um melhor consenso sobre o posicionamento de uma área de baixa pressão acompanhando o ar gelado. Temperatura suficientemente baixa para a neve não vai faltar, mas a variável em aberto é precipitação.