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Bolsonaro reúne 64,6 mil em Copacabana e 32,7 mil na Paulista, diz pesquisa

Os atos eleitorais em prol do presidente Jair Bolsonaro (PL) reuniram 64.632 pessoas na praia de Copacabana, no Rio de Janeiro, e 32.691, na avenida Paulista, em São Paulo, neste 7 de setembro, em suas máximas ocupações.

A contagem foi feita por pesquisadores da Universidade de São Paulo ligados ao Monitor do Debate Político no Meio Digital, coordenado pelos professores Pablo Ortellado e Márcio Moretto. Não foi realizada medição no ato de Brasília.

De acordo com os pesquisadores, foram tiradas 81 fotos aéreas de alta resolução no Rio de Janeiro, entre as 16h e às 16h30, e, em São Paulo, 62 fotos entre 15h20 e 16h, de forma a cobrir toda a extensão dos locais. A partir daí, aplicados métodos para a contagem dos presentes. A margem de erro média é de 12% para mais ou para menos.

“Estamos fazendo um esforço para produzir estimativas metodologicamente confiáveis que nos permitam comparar mobilizações. O número pode parecer pequeno, mas é porque estamos acostumados com estimativas superestimadas que tem sido divulgadas nos últimos anos”, afirmou à coluna Ortellado, professor do curso de Gestão em Políticas Públicas da USP. ”

“Posso assegurar que a mobilização que reuniu 64 mil em Copacabana e 32 mil na Paulista foi muito grande”, completa.

Mesmo assim, por conta da divulgação dos dados, os pesquisadores têm sido duramente atacados por bolsonaristas que haviam divulgado nas redes sociais que a manifestação na avenida Paulista, por exemplo, reuniria mais de 1,5 milhão de pessoas.

Para efeito de comparação, o protesto contra Dilma Rousseff, realizado no dia 13 de março de 2016, reuniu 500 mil pessoas na Paulista, segundo contagem do Datafolha. A polícia, na época, divulgou uma estimativa de 1,4 milhão.

Segundo estimativa da Secretaria de Segurança Pública de São Paulo, o comício da avenida Paulista, desta quarta (7), contou com 50,4 mil pessoas.

Campanha bolsonarista conseguiu ‘produzir fotos’ em Brasília, Rio e São Paulo

Um dos objetivos de Bolsonaro para os atos eleitorais que realizou nesta quarta foi de produzir imagens a fim de serem usadas nas redes sociais, aplicativos de mensagens e em seus programas de TV.

A ideia é contrapor, usando o que chama de “Datapovo”, as imagens de comícios, os números das pesquisas de intenção de voto. Ele está em segundo lugar, a uma distância que varia de 8 a 15 pontos entre os institutos mais bem avaliados.

Bolsonaristas partem de um fato concreto (o presidente é realmente uma pessoa popular capaz de atrair muita gente) para vender uma extrapolação falsa (essas multidões demonstram  que a maioria dos brasileiros está com ele). Para isso, imagens de aglomerações são vendidas como maiores do que realmente são.

Um exemplo são as motociatas realizadas por Bolsonaro ao longo dos últimos anos, que ocupam um espaço muito grande de rodovia de forma rápida e com menos gente que seria necessário para preencher uma passeata ou um comício.

Em junho de 2021, o bolsonarismo, já em plena campanha pela reeleição, afirmou que 1,3 milhão de motos participaram de um ato com Bolsonaro no interior de São Paulo. Porém, as praças de pedágio da Rodovia dos Bandeirantes mostraram a passagem de 6.661 motos.

Considerando que o eleitorado apto a votar no Brasil consiste em 156.454.011 de pessoas, os 31% (segundo o último levantamento do Ipec) que pretendem apoia-lo representam 48,5 milhões. É muita gente, capaz de preencher ruas e praças, mas ainda assim um montante menor do que os 44% que Lula têm hoje, ou seja, 68,8 milhões.

Fotos e vídeos produzidos nesta quarta nos três epicentros dos comícios já circulam intensamente pelos grupos bolsonaristas de WhatsApp e de Telegram e pelas redes sociais, segundo verificou a coluna.

Seus adversários prometem ao Tribunal Superior Eleitoral por usar recursos e estrutura pública dedicada às celebrações do Bicentenário da Independência para sua campanha pessoal.

Além das pesquisas, como a do grupo da USP, a campanha de Bolsonaro tem atacado os institutos que medem a intenção de voto se aproveitando da falta de conhecimento de matemática por parte da população. Afirmam que enquetes realizadas dentro de grupos bolsonaristas, que não são representativas da população, têm mais valor que pesquisas feitas com o rigor científico.