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Vereadora do PT é atacada por manifestantes: ‘ameaçaram enforcar meu filho’

Uma vereadora do Partido dos Trabalhadores (PT) procurou a polícia para denunciar que, no fim de semana, teve o carro cercado por bolsonaristas durante um protesto na BR 364, em Jaru (RO), por estar com um adesivo do Lula no veículo. Segundo a parlamentar, ela e o filho foram hostilizados e atacados por manifestantes.

A vereadora em questão se chama Ana Paula Sales de Carvalho, conhecida como Paula do PT, de Nova União (RO). Ela relatou ao g1 que estava a caminho de Cacaulândia (RO) para visitar a mãe que mora sozinha. No carro estavam ela, o filho, a nora e outra filha de 14 anos.

“Ela [uma manifestante] bateu no vidro do carro, meu menino abaixou e ela começou a xingar. Os outros fecharam a BR com o pneu e de imediato juntou todo mundo ao redor do meu carro. Um moço alcoolizado queria enforcar meu filho no banco do carro”, relembra.

De acordo com a parlamentar, cerca de 100 manifestantes estavam em volta do seu carro xingando e impedindo sua passagem. Uma delas teria arrancado o adesivo do veículo e outras causaram outros danos.

“Ela arrancou assim com aquele ódio, isso não é normal do ser humano. Eu tenho um carro, que eu pago imposto, que é meu dignamente e eu não tenho condições de usar um adesivo? É revoltante”, diz.

Paula conta que sentiu medo pelo que poderia acontecer com ela e a família. No local, apenas um agente da Polícia Rodoviária Federal (PRF) teria comparecido para contornar a situação.

“Eu comecei a gritar: ‘gente pelo amor de deus, deixa eu ir embora, deixa eu seguir minha viagem’. Eu tinha medo. Eu pegava na mão do policial e pedia pelo amor de Deus pra ele me ajudar a sair dali”, comentou.

Quando conseguiu sair do local, a vereadora procurou a Polícia Militar e registrou um boletim de ocorrência. Segundo ela, o episódio foi tão traumatizante que ninguém conseguiu sequer pensar em gravar o que aconteceu.

“Um ato desse toma uma proporção tão grande na vida da gente que desestabiliza toda a vida da gente”.

Manifestações

Os bloqueios ocorrem por conta de manifestações de apoiadores do presidente Jair Bolsonaro (PL), em protesto contra o resultado das urnas no segundo turno das eleições presidenciais.

Em Rondônia, os bloqueios nas rodovias começaram logo após a divulgação do resultado, no domingo (30). Após cinco dias, todos os trechos foram liberados em uma força tarefa da PRF com outros órgãos. No entanto, nesta segunda-feira (7) as BRs começaram a ser ocupadas novamente.

Para Ana Paula, que já ocupa o terceiro mandato de vereadora pelo PT, não existe justificativa para que os protestos aconteçam. “Eu lá presa, sem poder passar, com medo deles me matarem por eu pensar diferente. Minha família tem que sofrer agressão pela opção de voto que a gente tem?”.

Um boletim de ocorrência foi registrado após o ataque sofrido por Paula e família. O boletim do caso foi enviado para a Polícia Civil, que deve acompanhar o caso.

Nota de repúdio

Diante do ocorrido, a União de Câmaras e Vereadores de Rondônia (Ucaver) emitiu uma nota de repúdio. Confira um trecho:

“Entendemos que o livre direito às manifestações é premissa fundamental consagrada em nossa Constituição, por tal, não pode ser suprimida àqueles que têm o direito legítimo de manifestar-se e o fazê-lo sob a proteção do Estado de Direito. No entanto, àqueles que entendemos serem minoria entre os que se manifestam, que usam da força física, as agressões verbais e ameaças para impor o seu modo de pensar devem ser reprimidos, repudiados e repreendidos na forma da lei”.