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Morre ex-combatente da 2ª Guerra Mundial, considerado o morador mais velho de cidade no interior do AC

POR G1

Morreu na última sexta-feira (6) a testemunha ocular do maior conflito da humanidade, Joatan Conegundes de Araújo, de 100 anos, que morava em Assis Brasil, no interior do Acre, ao lado da família e era considerado o morador mais antigo da cidade da fronteira, que tem pouco mais de 7,6 mil habitantes.

O morador centenário era ex-combatente da Segunda Guerra Mundial, que ocorreu de 1939 a 1945, em diferentes locais da Oceania, Ásia, África e Europa. Esse conflito foi travado entre Aliados (Reino Unido, França, EUA, URSS) e Eixo (Itália, Alemanha, Japão etc.) e teve como consequências a morte de, aproximadamente, 60 milhões de pessoas e uma destruição material significativa.

Ao g1, em maio do ano passado, ele contou que não chegou a lutar na linha de frente, mas esteve em um navio na Itália junto com mais de 5 mil soldados que podiam ser chamados a qualquer hora para o combate direto. Ao comemorar seus 100 anos, no dia 22 de fevereiro do ano passado, a prefeitura da cidade fez um vídeo em homenagem a ele, já que, registrado, é o morador mais velho da cidade.

Em suas redes sociais, a Prefeitura da cidade, emitiu uma nota de pesar. “Morador da pequena cidade de Assis Brasil, com 100 anos de idade ex-combatente da segunda guerra mundial, deixou seu legado e muitos ensinamentos aos moradores da pequena cidade”, destacou o prefeito Jerry Correia.

Homenagens
Em 2019, na portaria 1.713 publicada no Diário Oficial pelo Ministério da Defesa, concedeu medalha da vitória para os ex-combatentes da Segunda Guerra Mundial e o nome do idoso consta nela.

Ao completar 100 anos, ele recebeu diversas homenagens na cidade — Foto: Arquivo pessoal

Ano passado, a cidade de Assis Brasil comemorou 45 anos desde sua emancipação política e administrativa e virou cidade. Localizada em um dos pontos extremos do país, situada no ponto exato de encontro das fronteiras do Brasil, Peru e Bolívia, Assis Brasil foi fundada por três irmãos maranhenses, em 1908, e se chamava Seringal Paraguaçu.

Só em 1958 passou a se chamar Vila Assis Brasil. Com a constituição Acreana em 1963, teve o território desmembrado do município de Brasileia, mas só teve um governo municipal em 14 de maio de 1976, data em que se comemora o aniversário da cidade.

Ele chegou ao Acre em 1952, casado e com três filhos e deu continuidade à família até a mulher dele morrer aos 46 anos vítima de câncer. Ele então optou por nunca mais casar. Ao todo, ele teve, junto com sua companheira nove filhos, seis estão vivos, 15 netos e sete bisnetos.

Ex-combatente teve 15 netos e sete bisnetos — Foto: Arquivo pessoal

‘A volta da Asa Branca’

 

Passados 100 anos com uma memória impecável que o fazia lembrar dos horrores da guerra e a perda de um grande amor, a música era o alento para os dias e, durante a entrevista, ele pediu para cantar um trecho da música preferida; “A volta da asa branca”, de Luiz Gonzaga.

“Seca fez eu desertar da minha terra
Mas felizmente Deus agora se alembrou
De mandar chuva pra esse sertão sofredor
Sertão das muié’ séria, dos home’ trabalhador
De mandar chuva pra esse sertão sofredor
Sertão das muié’ séria, dos homens trabalhador”

O que o fazia lembrar a fuga do Nordeste, por medo da seca, em busca de uma vida melhor no Acre – onde criou os filhos e recebeu inúmeras homenagens em vida.

Ele dizia que adorava viver, comer de tudo e amava cantar. “Como de tudo e adoro cantar”, finalizou na última entrevista.