Categories: Sem categoria

Aos 21 anos, brasileira treina para ser astronauta em instituto internacional

Luisa Leão visa integrar a primeira missão espacial em Marte – (crédito: Arquivo pessoal)

Estudante de engenharia mecânica no Centro Técnico Científico/ Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-Rio) Luisa Leão, 21 anos, recebe treinamento do International Institute for Astronautical Sciences (IIAS), em Oklahoma, nos Estados Unidos, para se tornar astronauta. Em progresso nas preparações, ela também foi aceita na Força Aérea dos Estados Unidos (United States Air Force). Segundo a estudante, a meta é integrar a primeira missão espacial em Marte, prevista pela Administração Nacional da Aeronáutica e Espaço (Nasa) para 2033.

O IIAS é referência mundial no campo de ciência espacial. Capacita os alunos para experiência de privação de oxigênio e simulações de gravidade zero e para experiência fora da órbita terrestre. “Nós temos treinamentos de diferentes valores de gravidade e microgravidade. Em alguns deles  chegamos a sentir sete vezes o peso do nosso corpo. Mas também temos bastante aula teórica e leitura”, conta. A jovem também passa por privações de oxigênio e exercícios de cárdio e musculação na preparação física para sair da órbita terrestre.

“O que eu mais gosto em tudo isso é a adrenalina do momento. Mas saber que estou fazendo parte de algo maior, com um grande propósito para a humanidade, é muito bom. Pensando a longo prazo, a chance de sobrevivência da espécie humana é muito maior se a levarmos a outro planeta”, considera Luisa, reforçando a importância dos investimentos no setor aeroespacial.

A estudante foi admitida no IIAS após iniciar sua graduação em engenharia espacial na Universidade de Oklahoma, instituição conveniada à PUC-Rio, onde a jovem ganhou bolsa integral de estudos. Ela embarcou para os Estados Unidos no segundo semestre de 2022. Agora, o desafio da jovem será conciliar a rotina de estudos com a preparação para se tornar piloto de caças na força aérea americana, onde foi aceita em fevereiro. “Dá  para conciliar tudo, esses conhecimentos vão complementar um ao outro e me fortalecer como candidata à equipe da Nasa”, diz Luisa.

Agora, o objetivo da jovem, que sempre foi apaixonada pela astronomia e pela exploração espacial, é visitar Marte. “Se eu puder participar da exploração presencialmente é um sonho de vida. Senão, pretendo contribuir da maneira que eu puder”, ressalta a jovem que, aos 15 anos, durante o ensino médio, recebeu uma bolsa de estudo para cursar a National Flight Academy em uma base militar dos EUA e foi selecionada pela Nasa para apresentar um projeto de criação de um campo magnético artificial em Marte.

Projeto ARES

Matriculada no quarto semestre na PUC-Rio, Luisa criou o projeto Ares, dedicado à criação de tecnologias aeroespaciais, com alunos da PUC e de outras universidades brasileiras. “Iniciei na equipe de aerodesign na universidade, mas percebi a falta de um setor aeroespacial. Então, resolvi mobilizar os professores e alunos para criarmos um” lembra. A iniciativa, que teve seu pontapé inicial em 2020, conta com parcerias internacionais e já propôs o desenvolvimento de um veículo de exploração extraterrestre para a Nasa.

Junto à equipe Ares, Luisa também elaborou diversas iniciativas para levar o conhecimento aeroespacial a jovens da periferia do Rio de Janeiro, como o Nasa para todos, realizado em planetários, e o Ares Junior, que levou estudantes do ensino fundamental e médio a acompanhar as atividades da equipe por um mês. Por ter sido bolsista integral por todo o ensino médio e na universidade, Luisa reconhece iniciativas como essas valiosas para jovens de escolas públicas.

Desde cedo, Luisa buscou estudar e participar de muitos projetos que a aproximasse desse sonho. Por isso, um ponto que aprendeu durante sua trajetória é que, quem tem um objetivo, “deve agarrar todas as oportunidades possíveis”. E quando não há, criá-las. “Quando entrei na PUC e vi que não tinha uma equipe aeroespacial desenvolvida fui atrás de iniciar. Outra coisa muito importante é sempre buscar aprender com pessoas da área, que podem nos ajudar e guiar até as melhores oportunidades”, afirma.

Futuro

Uma das metas da aspirante a astronauta é voltar para o Brasil para concluir a graduação em engenharia mecânica na PUC. Em seguida, ela também pretende iniciar  mestrado em engenharia aeroespacial na Universidade de Oklahoma e seguir crescendo na carreira aeroespacial, pela qual é apaixonada. “O setor espacial é um dos que dispõe de  inúmeras tecnologias para o planeta no geral. Atualmente, estou fazendo um projeto de pesquisa em sistemas de refrigeramento para ônibus espaciais. Mais para frente eu acho que essa tecnologia deve ser usado até para outras áreas do  dia a dia”, ressalta.

*Estagiária sob a supervisão de Ana Sá

Por Correio Braziliense