20 abril 2024

Menina de 11 anos é levada com dores na barriga para UPA, entra em trabalho de parto e dá à luz no Acre

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Menina e recém-nascido estão internados na Maternidade Bárbara Heliodora, em Rio Branco — Foto: Eldérico Silva/Rede Amazônica Acre

Um caso de estupro de vulnerável foi descoberto na Unidade de Pronto Atendimento (UPA) do Segundo Distrito de Rio Branco na última sexta-feira (10). Uma criança de 11 anos deu entrada no hospital com dores na barriga, entrou em trabalho de parto e deu à luz uma criança.

A menino estava no sétimo mês de gestação, aproxidamente. Ao g1, um parente, que não quis se identificar, contou que a menina relatou para a mãe que estava passando mal e com dores na barriga. A mãe levou a filha na UPA e lá as duas descobriram a gravidez.

Ainda segundo a família, a criança relatou para a mãe foi abusada pelo padrasto. Ela disse que era ameaçada de morte pelo suspeito caso contasse dos abusos. Um boletim de ocorrência foi registrado na Delegacia de Flagrantes (Defla) e a equipe pediu exames no Instituto Médico Legal (IML).

Após o parto, a menina foi encaminhada para a Maternidade Bárbara Heliodora, onde ela e o recém-nascido receberam os atendimentos necessários. “Ela reclamou de muita dor na barriga, levaram ela na UPA e encaminharam para a maternidade. Lá ela falou que foi o padrasto. Os policiais mandaram ela ligar para o padrasto, ligou no viva voz, o cara confirmou que foi ele. Porém, a polícia disse que não poderia prender porque não tinha mandado”, contou o parente.

O caso é investigado pela Delegacia de Atendimento à Criança e ao Adolescente (Decav). A reportagem entrou em contato com o delegado Alberto Dalacosta, responsável pelas investigações, e foi informada que a polícia já ouviu alguns familiares e iniciou as diligências.

“Não temos essa informação de confessar. Está em apuração, temos muita coisa para analisar ainda. Está em segredo, temos que ouvir a menor ainda de formalmente porque há algumas contraversões sobre isso. Ainda estamos apurando a autoria”, resumiu.

Criança chora muito
Ainda segundo o familiar, a vítima está muito abalada e com medo do padrasto. O parente afirma também que a família não percebeu a gravidez antes.

“Ela só chora com medo do padrasto, que a ameaça de morte a mãe dela e os irmãos. Ela é um pouco gordinha e ninguém nunca percebeu nada. A barriga não cresceu, o ciclo menstrual normal. Os médicos até ficaram surpresos com isso”, confirmou.

O familiar conta ainda que a família procurou o Ministério Público Estadual (MP-AC) para cobrar a prisão do suspeito, que está desaparecido. “Ele sumiu. O meliante confessou, a criança falou que foi ele também, mas os policiais não fizeram nada porque disseram que não foi em flagrante”, reclamou.

Atendimento na maternidade
À Rede Amazônica Acre, a gerente de assistência da maternidade, Carina Hechenberger, disse que a unidade recebeu uma solicitação de vaga para a maternidade após um parto na UPA do Segundo Distrito. Com o prontuário da vítima e os relatos dos familiares, as equipes da maternidade descobriram que se tratava de uma vítima de abuso sexual.

“Até onde sabemos não foi realizado o pré-natal dessa criança, da gestação e foi um parto urgente porque ela iniciou uma queixa, a família levou para a UPA, evoluiu para o parto. Foi atendida de emergência na UPA, a equipe fez todo atendimento adequado dentro da situação, houve a evolução para um parto rápido sem ser possível remanejar para cá antes e assim que a equipe estabilizou, fez todas as normalidades encaminhou para cá”, confirmou.

A menina e o recém-nascido foram acompanhados pelos familiares em todos os momentos. A vítima e o bebê estão em uma enfermaria isolada para preservar a identidade.

“Situações como essa são tratadas de forma bem minuciosa com uma equipe multidisciplinar. Além das instituições que cabem a execução dos trâmites relacionados ao abuso, a responsabilidade da maternidade competente aos cuidados de saúde tanto da mãe como do bebê. Além disso, por se tratar de um caso que foi notificado como violência, nossa equipe possui todo um protocolo de atendimento à vítima de violência, então, tanto a parturiente como a criança serão assistidas por essa equipe da maternidade após a alta”, pontuou.

A gerente confirmou também que a menina vai passar por todos os cuidados de saúde, assistência e o recém-nascido pelos cuidados de pediatria.

Colaborou o repórter Eldérico Silva, da Rede Amazônica Acre.

Por Aline Nascimento, g1 AC

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