23 abril 2024

Polícia Civil conclui que não houve tentativa de homicídio contra líder indígena e pede para arquivar inquérito

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A Polícia Civil do Acre pediu o arquivamento do inquérito que investigava uma tentativa de homicídio contra o líder indígena Ashaninka, Benki Piyãko, no dia 25 de março, durante a festa de aniversário dele na Terra Indígena Kampa, em Marechal Thaumaturgo, no interior do Acre.

O agente da Polícia Civil José Francisco Bezerra de Menezes foi afastado das funções por 30 dias e teve a arma recolhida após denúncia de que ele efetuou disparos contra Piyãko.

O corregedor-geral da Polícia Civil, Thiago Fernandes Duarte, disse que uma equipe foi enviada ao município para investigar in loco a denúncia.

Testemunhas que estiveram na festa foram ouvidas, entre as quais o prefeito de Marechal Thaumaturgo , Isaac Piyãko, que é irmão de Benki, e funcionários da prefeitura, mas ninguém disse ter percebido nada fora do normal.

“Comecei a ouvir as pessoas, peguei pessoas chaves, ouvi o prefeito, funcionários da prefeitura que estiveram na festa de aniversário. E todos eles noticiaram que não presenciaram nenhuma briga, nenhuma confusão, que fosse da forma que foi noticiada”, disse.

O líder indígena também foi ouvido por videoconferência. “Ele disse que fez o aniversário para muitas pessoas, e que estavam se divertindo, e esse policial civil teria chegado na festa e esbarrado no Benky e ele se sentiu ameaçado com isso. Essa é a versão da suposta vítima. Somente a vítima viu isso, ninguém mais. Em nenhum momento o policial verbalizou ameaça”, acrescentou o corregedor.

O chefe de segurança contratado para a festa também relatou não ter visto nada. “Ouvi o chefe da segurança. Não houve recomendação prévia. No decorrer da festa, ele falou que não foi chamado pra dizer que o Benky estava sendo ameaçado”, disse.

Disparo acidental
Ainda conforme o corregedor, o policial chegou na festa por volta das 21h e permaneceu até meia-noite.

“O policial saiu com três pessoas da festa e foram para a beira do rio, uma das pessoas caiu no rio, o policial também escorregou, a arma caiu no chão e disparou. Isso é incontroverso, ninguém falou que foi diferente,” afirma.

Dessa forma, a polícia chegou à conclusão que não houve crime de ameaça. “Concluí o inquérito e optei pelo arquivamento porque não foi caracterizada ameaça. A ameaça tem que estar dentro de um contexto. Encaminhamos o inquérito para comarca de Marechal Thaumaturgo e pode ser que o juiz determine o arquivamento”, concluiu.

As investigações em nível administrativo devem continuar. O policial José Francisco já retornou às funções normais e a polícia vai apurar uma possível conduta criminosa por parte de Benki por ter noticiado fato criminoso que não ocorreu.

O caso
Inicialmente a polícia recebeu a informação de que de que o policial havia chegado no local embriagado, armado e fez ameaças ao líder indígena e sua família. Em seguida, foi contido pelos convidados e, ao chegar no porto da casa do Benki, ele sacou da arma e disparou.

O policial civil denunciado estava lotado em Marechal Thaumaturgo de forma temporária e retornou para sua lotação de origem, em Cruzeiro do Sul.

Benki Piyãko é uma das lideranças mais conhecidas da região e foi um dos acreanos anunciados pelo vice-presidente eleito, Geraldo Alckmin, para compor as equipes técnicas do governo de transição do presidente eleito, Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Além dele, estavam Jorge Viana (PT), Marina Silva (Rede) e Binho Marques.

Colaborou Murilo Lima, da Rede Amazônica.

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