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Buraco feito em busca de petróleo na Serra do Divisor é uma das principais atrações turísticas da região

Próximo à margem do Rio Moa e das pousadas que existem dentro do Parque Nacional da Serra do Divisor, o buraco central é um dos principais pontos turísticos da região. Em meio a tantos locais formados naturalmente, esse buraco central teve a intervenção do homem.

Próximo à margem do Rio Moa e das pousadas que existem dentro do Parque Nacional da Serra do Divisor, o buraco central é um dos principais pontos turísticos da região. Em meio a tantos locais formados naturalmente, esse buraco central teve a intervenção do homem.

Edmilson Cavalcante, de 59 anos, é um dos moradores mais antigos da unidade e há 5 anos trabalha como guia na região. Ele conta que o buraco central é um dos queridinhos de quem visita a Serra do Divisor.

“As pessoas acham o melhor de todos os pontos pela água ser morna, estando frio ou quente, a temperatura da água é sempre morninha. A história conta que a empresa procurava petróleo, mas o que surgiu foi essa água limpa e morna”, conta.

Como guia, eles receberam treinamento para dar algumas informações sobre o local. Ainda ao lado do buraco feito pela empresa há uma grande caldeira de ferro, que, segundo o guia, era responsável por gerar energia.

“Mesmo antes de isso aqui se tornar um parque, começou a ser visitado por turistas. Já os moradores sempre tomavam banho e visitavam esse local”, conta.

No local, ainda é possível ver restos de materiais usados na época em que o acampamento funcionava. Inclusive, o guia conta que antes a água jorrava tão forte que ninguém conseguia mergulhar no buraco central, porém, um dos moradores jogou uma espécie de bola de chumbo e a água diminuiu a intensidade, fazendo com que a pessoa consiga flutuar.

Na queda da água, que cai direto no rio, tem outros espaços em que a pessoa pode entrar e que é chamada pelo guia de hidromassagem.

“É um olho d’água, que só jorra pra cima e ele jorrava mais forte e um cidadão soltou um material que ficou aqui, chumbo de aço, uma bola de chumbo de aço, e hoje a gente consegue entrar, tirar foto. Ninguém entrava, jogava bem forte pra fora. É um cheiro de ferro muito forte, devido à profundeza do buraco, ferrugem e a água tem gosto de enxofre”, detalha o guia.

Antonio Carlos Boa Nova, sociólogo e autor do livro “Fora da Ordem: do claustro ao mundo secular”, em seu blog, detalha um pouco de como funcionava o acampamento naquela época no Juruá. Ele é filho de um médico que fazia atendimentos em meio à floresta no Acre.

“Setenta dias após deixar o Rio, aportaria por fim no Acampamento Central − três horas rio acima, havia ainda um outro acampamento, o Pedernal, então “o núcleo de população mais ocidental existente no Brasil”; dali em diante, só se navegava de canoa. Com o insucesso das perfurações buscando petróleo, esses acampamentos seriam posteriormente desativados, e hoje a área está no Parque Nacional da Serra do Divisor”.

Caverna

Recentemente, pela primeira vez, o Acre registrou cavernas e foram encontradas justamente na Serra do Divisor. Uma delas, inclusive, leva o nome de seu descobridor, Edson Cavalcante, que era irmão de Edmilson. Os dois nasceram e se criaram na Serra do Divisor.

Em 2020, Edson, que era um dos moradores mais antigos da unidade de conservação, divulgou que havia encontrado uma caverna há muitos anos enquanto fazia trilhas dentro do parque. Apesar de ter encontrado a cavidade há pelo menos 15 anos, ele disse que não sabia que a descoberta era relevante. Logo depois, Edson morreu vítima de Covid. Hoje, a caverna leva o nome dele.

“A história da caverna é que Edson e eu sempre andávamos pelo parque e um dia caçando a vimos pela primeira vez. Mas, a gente não dava importância para essas coisas e só depois viemos saber que era importante e, após a visita de um repórter aqui, o Edson conseguiu achar onde ela ficava novamente”, relembra.

Questionado sobre como toda essa riqueza natural atrai turistas, Edmilson conta que aumentou o fluxo de gente querendo conhecer a Serra do Divisor, mas garante que muita gente ainda não tem ideia desse espaço no lado mais ocidental do país.

“As pessoas, mesmo sendo da nossa região, não acreditam que o Acre tem isso. Temos montanha, serra e olho d’água e quando chega aqui se surpreende.”

Por: G1 – Acre.