A ministra Nancy Andrighi, do Superior Tribunal de Justiça (STJ), prorrogou por mais 180 dias as medidas cautelares que atingem o governador do Acre, Gladson Cameli (PP), e outros investigados na Operação Ptolomeu. A decisão, atendendo a um pedido da Polícia Federal, tem como objetivo evitar possíveis danos irreparáveis às investigações.
As medidas cautelares incluem o afastamento de servidores e a suspensão das atividades econômicas de empresas investigadas. A renovação das restrições foi justificada pela PF, que destacou o risco de prejuízo ao inquérito caso as medidas não fossem mantidas. Além disso, a Polícia Federal solicitou a manutenção da ordem judicial que proibia o contato entre os investigados, argumentando que essa restrição era necessária para evitar a coação de testemunhas e a combinação de versões entre os envolvidos.
O governador Gladson Cameli, seu pai e dois irmãos são alvos do inquérito e estavam proibidos de se comunicar desde março. Recentemente, a Corte Especial autorizou que Gladson retomasse o contato com o pai, uma decisão contestada pelo Ministério Público Federal.
A ministra Nancy Andrighi manteve todas as demais medidas cautelares, exceto pelo bloqueio total às empresas investigadas, que agora podem executar contratos privados e públicos firmados em outros estados, exceto no Acre. A preocupação da ministra é garantir o bom andamento das investigações, uma vez que os investigados ocupam cargos de alto escalão na administração pública estadual, o que poderia levar à intimidação de testemunhas e à ocultação de provas.
A Operação Ptolomeu está investigando crimes como organização criminosa, corrupção passiva e ativa, lavagem de dinheiro e peculato. Os desvios, de acordo com cálculos preliminares dos investigadores, podem chegar a mais de R$ 16,3 milhões. Na última fase da operação, realizada em março, foram apreendidos celulares, computadores e documentos dos investigados, mas a perícia no material ainda não foi concluída.
A defesa do governador Gladson Cameli recebeu com humildade a decisão do STJ, que permitiu o reencontro do governador com seu pai, Eládio Cameli, após três meses de proibição de contato. A defesa expressou preocupação com o vazamento sistemático de informações sigilosas, indicando possíveis objetivos escusos por trás dessas divulgações.
*Com informações do Estadão