O ginecologista suspeito de abusar sexualmente de pacientes no Distrito Federal negou as acusações durante depoimento à Polícia Civil do Distrito Federal (PCDF). Em uma megaoperação nessa quinta-feira (6/7), a 12ª Delegacia de Polícia encontrou e deteve o médico Celso Satoru Kurike em Formosa (GO).
A investigação mostrou que o ginecologista “fazia as vítimas crerem que estavam sendo submetidas a um procedimento adequado, correto e necessário, e que os toques que ele realizava faziam parte do protocolo de atendimento, quando, na verdade, era uma fraude para conseguir praticar o ato libidinoso com as vítimas”.
Os crimes teriam ocorrido durante consultas em um hospital particular da capital federal. Depois de a coluna Na Mira revelar que o profissional, alvo de inquérito policial, foi indiciado por violação sexual mediante fraude, 12 novas novas vítimas procuraram a polícia para denunciá-lo. Elas relatam ter sido masturbadas pelo médico quando estavam deitadas em uma maca.
De acordo com a delegada-chefe da 12ª DP, Elizabeth Frade, o ginecologista foi ouvido nessa quinta-feira, mas negou as acusações das pacientes durante o depoimento.
Uma das vítimas disse ter procurado o hospital para agendar uma consulta ginecológica e teve horário marcado com o médico. Quando entrou no consultório e colocou um jaleco, a paciente informou sentir dores na cicatriz provocada pela cesariana, além de cólicas e forte fluxo menstrual.
O médico pediu, então, que a paciente respondesse a algumas perguntas desconcertantes, o que lhe causou estranheza. Ele queria saber, por exemplo, quantos parceiros sexuais a vítima havia tido ao longo da vida, se costumava sentir dores durante a relação sexual e se tinha dificuldades de chegar ao orgasmo. Logo após tais questionamentos, o ginecologista pediu que a mulher tirasse a roupa e vestisse um avental.
Ainda de acordo com o depoimento da vítima à PCDF, após fazer o exame nas mamas e a coleta do exame preventivo, tudo corria dentro de uma aparente normalidade, até o médico tocar em seu clitóris e iniciar movimentos circulares. Em seguida, Celso Satoru teria dito que aquele ponto “é o local onde as mulheres sentem prazer”.
Em choque, a vítima não esboçou reação. Na sequência, o médico disse que a ajudaria a parar de sentir dores e passou a espetar agulhas pelo corpo da mulher que eram semelhantes às de acupuntura. Assustada, a mulher se levantou, foi ao banheiro, trocou de roupa e foi embora.
Quando ela se preparava para deixar o consultório, o médico ainda disse que, caso ela tivesse “dificuldades para chegar ao orgasmo, ele ajudaria”. O advogado de uma das vítimas afirmou que a semelhança nos depoimentos serve como prova cabal dos crimes cometidos pelo profissional de saúde.
Diante das denúncias, o Conselho Regional de Medicina no DF (CRM-DF) informou que o médico teve sua conduta apurada por meio de processo ético profissional. “A apuração resultou na aplicação de penalidade de suspensão de 30 dias (conforme previsto no artigo 22, alínea “D”, da Lei n° 3268/57), por infração aos artigos 38 e 40 do Código de Ética Médica, em fevereiro do ano passado. Demais informações correm em sigilo processual”, destacou o CRM. Como a penalidade administrativa foi aplicada no ano passado, Celso já voltou a trabalhar normalmente.
O advogado Eduardo Teixeira, que trabalha na defesa de Celso Kurike, afirmou que o inquérito policial se encontra em segredo de Justiça e, por essa razão, não poderia tecer comentários sobre o caso. “Já foram apresentados nos autos da investigação todos os elementos informativos aptos a demonstrar a falsidade da acusação”, disse o defensor.
Por Metrópoles