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Assassinado, Fernando Villavicencio prometeu combater o “narcoestado” no Equador

O candidato à Presidência do Equador Fernando Villavicencio, morto a tiros durante a campanha na quarta-feira (9), era conhecido como um ativista anticorrupção e jornalista investigativo.

O parlamentar de 59 anos havia falado abertamente na Assembleia Nacional sobre a corrupção e a violência causada pelo narcotráfico no país, dizendo à CNN em maio que o Equador havia se tornado um “narcoestado”, quando se propôs a liderar e lutar contra o que ele chamou de “máfia política”.

Essas declarações, seu trabalho anterior e futuras promessas políticas fizeram com que ele adquirisse muitos inimigos poderosos. Villavicencio disse anteriormente que havia recebido ameaças de morte de grupos criminosos.

Sua campanha prometeu uma repressão ao crime e à corrupção em meio a uma escalada de violência que tomou conta do Equador nos últimos anos.

O país andino, uma nação relativamente pacífica até alguns anos atrás, agora é atormentado por uma guerra territorial entre organizações criminosas rivais.

A violência tem sido mais pronunciada na costa do Pacífico do Equador, enquanto grupos criminosos lutam para controlar e distribuir narcóticos, principalmente cocaína.

“Hoje o Equador é controlado por Jalisco Nueva Generación, o Cartel de Sinaloa – do México – e também a máfia albanesa”, disse Villavicencio em entrevista à CNN.

Um “lutador incansável”

No entanto, Villavicencio é conhecido há muito tempo por seus esforços anticorrupção.

Com apenas 18 anos, fundou um jornal chamado Prensa Obrera (Imprensa dos Trabalhadores) e passou a trabalhar para a petrolífera estatal EP Petroecuador.

Mais tarde, ele descobriria escândalos de corrupção na crescente indústria petrolífera do Equador e pressionou por uma investigação sobre um incidente no qual o exército matou pelo menos cinco pessoas enquanto libertava o então presidente Rafael Correa de uma situação de refém, em 2010.

Correa entrou com um processo por difamação contra Villavicencio e, como resultado, ele foi condenado a 18 meses de prisão. Villavicencio fugiu para evitar a detenção e deu uma entrevista ao Comitê para a Proteção dos Jornalistas (CPJ), em 2014.

“O presidente quer que eu me ajoelhe e peça desculpas, mas eu nunca vou fazer isso”, disse ele ao CPJ. Villavicencio mais tarde pediu asilo no Peru, alegando “perseguição política” do governo de Correa.

Na quarta-feira, o Movimiento Construye, a coalizão política pela qual Villavicencio era candidato, divulgou um comunicado elogiando-o como um “lutador incansável”.

“Fernando Villavicencio enfrentou bravamente o crime organizado e não teve medo de criticar seus vínculos com a política”, diz o comunicado.

Villaviciencio nasceu em Alausí, no centro do Equador, em 11 de outubro de 1963. Ele é autor de vários livros que investigam a corrupção no Equador, além de construir meios de comunicação como LaFuente.ec, MilHojas.is e periodismodeinvestigación.com.

Sua carreira política começou em 2009, quando trabalhou como assessor do parlamentar Cléver Jiménez. Em 2021 ele foi eleito para a Assembleia Nacional, servindo até maio deste ano, quando a assembleia foi dissolvida antes das eleições que ainda estão marcadas para 20 de agosto.

Por: CNN Brasil.