O primeiro dia de júri na 2ª Vara do Tribunal do Júri e Auditoria Militar da Comarca de Rio Branco durou pouco mais de 9 horas. A sessão começou com mais de 3 horas de atraso, às 11h20, e terminou às 20h50 desta segunda-feira (7).
Estão sendo julgados seis acusados de uma chacina na fronteira do Acre com a Bolívia. O crime aconteceu em 13 de setembro de 2020.
Segundo a PM, dois moradores de Acrelândia, que são da mesma família, trabalhavam com a retirada de madeira em uma propriedade boliviana e um deles teria estuprado uma menina de 14 anos na localidade.
O primeiro a ser ouvido foi o pai da menina estuprada. Ele disse que ficou sabendo do crime e amarrou em uma árvore Gilvani Nascimento da Silva, de 19 anos, conhecido como Buiu. Em seu depoimento, ele diz que não sabe se o crime foi motivado por raiva dele ou por questões financeiras
Veja quem são os acusados:
Já os outros dois acusados são:
Foram ouvidas 11 pessoas neste primeiro dia, sendo o pai da adolescente; a menor, três dos acusados e o restante foram informantes. Nesse primeiro momento, eles falaram sobre a dinâmica do crime e o que aconteceu no dia 13 de setembro de 2020.
O júri vai analisar se os acusados cometeram crime de homicídio, ocultação de cadáver e corrupção de menores. O crime de estupro de vulnerável não será analisado porque o acusado, o pivô de toda confusão, foi assassinado em abril de 2021.
Geovane, filho de Baleado também, que chegou a ser apreendido na época por ter matado Samir, um dos irmãos da vítima. Ele foi ouvido como informante. Ele cumpriu pena de dois anos e seis meses em centro socioeducativo. . “Eu, como fui autor do crime, eu me arrependo muito do que fiz. Deus transformou a minha vida. Cometi esse crime, eu paguei na lei da terra e sei que tem muito pra eu pagar na lei de Deus”, disse.
O depoimento da adolescente também foi marcado por emoção. Ela disse que passou dois anos fazendo terapia para tentar esquecer tudo que viveu. A adolescente está há 3 anos esperando uma cirurgia por conta da lesão na mão. A cirurgia custa 15 mil bolivianos.
“Mas eu não lembro muito porque eu passei por 2 anos em psicólogo para esquecer essa história”
Adélia, mãe de Baleado, também foi ouvida. Ela defendeu o filho e disse que ele era uma pessoa boa. Pediu para o juiz para vê-lo, porque há três anos não falava com o acusado. O juiz deu suspendeu a sessão para que ela pudesse falar com o filho.
“Ele não é o que as pessoas estão falando. No dia que aconteceu esse causo, ele tava cuidando de mim. Eu não enxergo e faz 3 anos que eu não vejo meu filho”, disse.
Acusados — Foto: Victor Lebre/g1
O crime
O crime ocorreu no dia 13 de setembro de 2020 próximo das cidades acreanas de Acrelândia e Plácido de Castro, na região de fronteira com a Bolívia. Uma mulher boliviana e os dois filhos foram mortos a tiros depois que a filha de 14 anos foi estuprada por Gilvani Nascimento da Silva, conhecido como Buiu.
A ocorrência foi atendida pelas polícias Civil e Militar do Acre. Segundo a PM, dois moradores de Acrelândia, que são da mesma família, trabalhavam com a retirada de madeira em uma propriedade boliviana e um deles teria estuprado a menina de 14 anos na localidade.
O pai da menina flagrou a situação, amarrou o homem a um tronco de árvore e foi até o lado brasileiro para pedir ajuda da polícia para prendê-lo.
Ao perceber a situação, outro acreano que estava no local correu até sua casa, avisou que o parente estava preso na propriedade do boliviano e chamou os familiares para resgatar o suspeito de estupro.
O grupo, então, foi em motocicletas até a propriedade boliviana para libertar o homem. No local, eles mataram a mãe da menina de 14 anos, dois irmãos dela, que não tiveram as idades divulgadas, e ainda atiraram contra a adolescente.
Os corpos foram jogados próximos a uma árvore, e a casa da família foi queimada. O grupo teria ainda roubado cerca de R$ 10 mil e mais uma quantidade de dinheiro boliviano que estava na casa das vítimas.
Chacina aconteceu em 2020 — Foto: Arquivo/PC-AC
Colaboraram Renato Menezes e Victor Lebre.
POR G1/AC