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Ocupantes da Terra Prometida se organizam contra reintegração de posse: “queremos ficar aqui!”

Os ocupantes da área conhecida como Terra Prometida, no bairro Irineu Serra, em Rio Branco, que foi invadida em 2021 e já tem mais de 2,3 mil moradores, estão se preparando para impedir a reintegração de posse determinada pelo Poder Judiciário do Acre na última semana. A previsão era que a ordem fosse cumprida nesta segunda-feira, dia 14, mas a polícia não apareceu no local como estava previsto e havia sido informado aos populares. Os moradores, que se dizem enganados pelo governo acreano, bloquearam o acesso ao local.

Na Escola Djalma Teles, que fica no Jorge Lavocat, em um dos extremos da área invadida, uma equipe do governo local organiza o cadastro das famílias que querem ficar recebendo o Aluguel Social, por até três meses, como ajuda do poder público. Essa é uma decisão do Tribunal de Justiça do Acre, e precisa ser cumprida antes do início da reintegração, para impedir que as pessoas não tenham para onde ir após a retirada delas da área de invasão. A questão é só uma: os ocupantes da terra se negam a receber o benefício, e alegam que querem permanecer ali, ainda que tenham que pagar algum valor financeiro ao Estado do Acre.

Samia Silva, uma das moradoras da Terra Prometida, é taxativa ao dizer que não tem outro lugar para ir, e que não aceitará o Aluguel Social, pois já construiu dentro da área a casa para viver com a família, incluindo três filhos e o marido. “Tenho fé em Deus de que não vou sair daqui, porque é onde a gente construiu nossa casinha. O que nós queremos é ficar aqui, nos não queremos sair, ser tirados. Queremos ficar aqui nessa área, porque já estamos investindo aqui dentro, tudo da gente mesmo. Esse é o nosso apelo!”, frisa a popular.

Segundo o Governo do Acre, um levantamento da Secretaria de Habitação e Urbanização (Sehurb) apontou cerca de 360 edificações contabilizadas nos dois locais, que, juntos, somam 273,4 mil metros quadrados. A inserção das famílias junto ao Cadastro Habitacional do Estado do Acre, plataforma digital lançada recentemente pela Sehurb, foi outra proposta apresentada. O governo diz que a situação da invasão prejudica o avanço da proposta de construção de casas populares no local.

“Podemos citar essas duas áreas como exemplo. Há o interesse do governo do Acre em construir moradias populares nestes terrenos, mas por conta desse cenário de incerteza, os trâmites necessários acabam sendo prejudicados até que se tenha uma solução definitiva”, pontua Leonardo Neder, diretor técnico da Sehurb. A reintegração de posse foi remarcada para a manha de terça-feira, dia 15.

Por: Notícias da Hora.