Eles são ribeirinhos, fazem parte de comunidades tradicionais, indígenas, possuem saberes ancestrais, têm costumes, conexão com a natureza e vivem e trabalham mantendo a Floresta Amazônica em pé.
No Dia da Amazônia, 5 de setembro, vale ressaltar que a região corresponde ao maior bioma brasileiro de floresta tropical, com quase sete milhões de km², que se estendem por nove países. Também são nove os estados do país que fazem parte da Amazônia Legal: Acre, Rondônia, Amazonas, Mato Grosso, Tocantins, Pará, Amapá, Roraima e Maranhão.
O Acre é um dos protagonistas na elaboração e implementação de políticas públicas de meio ambiente, redução de taxas de alerta de desmatamento e focos de queimadas.
“Temos em nossas mãos um dos patrimônios naturais mais importantes de toda a humanidade. A Amazônia é a maior reserva natural, que agrega vários biomas de extrema importância para o equilíbrio ambiental e a conservação dos recursos”, afirma a titular da Secretaria do Meio Ambiente e das Políticas Indígenas do Acre (Semapi), que também é presidente do Fórum de Secretários da Amazônia Legal, Julie Messias.
O governo do Acre, por meio da Semapi e do Instituto de Meio Ambiente (Imac), atua para preservar e conservar esse habitat de inúmeras espécies que servem como fonte de alimento e matéria-prima florestal e medicinal.
Entre os indivíduos da população que habita o bioma junto a outras infinidades de espécies, ecoam vozes de quem preserva o meio ambiente.
Como Samuel da Silva, que trabalha há cinco anos como barqueiro no Rio Croa, em Cruzeiro do Sul, uma das maiores riquezas e belezas do estado. “É meu meio de vida, tenho prazer de trabalhar como barqueiro e, ao mesmo tempo, contemplar a natureza. Levo turistas de todo o mundo para terem uma experiência inesquecível”, relata.
Outra moradora orgulhosa do Rio Croa que resolveu empreender em meio à floresta é Maria Damiana da Silva, que montou um restaurante em sua casa e transformou o local em um paraíso gastronômico sustentável.
“Há cinco anos trabalho no Croa, recebendo turistas de todo lugar do mundo. Sirvo as pessoas, falo sobre sustentabilidade e amor pela natureza. Olha ao seu redor, olha isso aqui que a gente tem, é a Amazônia, é sem igual”, exclama.
Moradora da Reserva Extrativista Riozinho da Liberdade, Maria Renilda Santana, conhecida como dona Branca, alavanca a bioeconomia do estado e trabalha ajudando a promover outras mulheres.
Branca é uma das fundadoras da Associação Mulher Flor, composta por mulheres que buscam recursos da natureza para confeccionar produtos artesanais que sustentam a bioeconomia local, melhorando a qualidade de vida da comunidade e conservando as florestas.
“Tudo começou quando percebi a importância de se ter uma organização dentro da reserva. Comecei a participar das reuniões e entendi a necessidade de representar as famílias, não apenas as mulheres. É necessário ter lideranças que defendam nossa floresta, então me envolvi e comecei. É da floresta que tiramos o sustento, precisamos ver o valor dela em pé, como fonte de riqueza natural, e precisamos respeitar e cuidar”, ensina.
A líder ainda explica que na associação tudo é reaproveitado e transformado: “Tudo vira sustento familiar. Hoje produzimos geleia de açaí, cupuaçu, buriti, limão, sabonetes, fazemos farinha e é a partir desses produtos que conseguimos nosso alimento, sem estrago. É isso que queremos passar para nossos filhos, o ensinamento de que podemos amar o meio ambiente e tirar alimento dele”, afirma.
“Temos conhecimento dos problemas e desafios do bioma, principalmente no que diz respeito ao desmatamento e queimadas. O governador nos deu a missão de atuação conjunta entre os órgãos de comando e controle e nosso trabalho tem se pautado em uma agenda positiva para o desenvolvimento sustentável do bioma, através da união de esforços”, avalia a secretária Julie Messias.
O Acre tem mais de 85% de vegetação nativa, 16 povos indígenas, com aproximadamente 270 aldeias e cerca de 30 mil indígenas. Há ainda nove unidades de conservação (UCs) estaduais: Parque Estadual Chandless, Área de Proteção Ambiental (APA) Lago do Amapá, APA Igarapé São Francisco, Floresta Estadual do Antimary, Floresta Estadual do Rio Gregório, Floresta Estadual do Mogno, Floresta Estadual Liberdade, Floresta Estadual Afluente e Área de Relevante Interesse Ecológico (Arie) Japiim Pentecoste.
A Semapi e Imac têm promovido mutirões de regularização ambiental do Cadastro Ambiental Rural (CAR) e do Programa de Regularização Ambiental (PRA) nos municípios do estado, para garantir que os produtores regularizem e conservem suas áreas. A ação de Pagamento por Serviços Ambientais (PSA) se dá em parceria com o Projeto Floresta + Amazônia.
Edilson Costa, proprietário da Colônia Monte Sinai, em Rodrigues Alves, é produtor rural e foi um dos selecionados para participar do projeto de PSA. “Não quero mais derrubar e vou receber uma ajuda do governo para desenvolver meu lote”, relata.
O Acre enfrenta uma intensa seca, resultado do fenômeno natural El Niño. Com isso, foi lançado no início de julho o Decreto de Emergência Ambiental, que elenca dez municípios prioritários para ações de prevenção e combate ao desmatamento e queimadas.
Na Sala de Situação, órgãos de comando e controle atuam a partir da inteligência operacional de monitoramento e fiscalização, gerando maior eficiência nas ações e evitando dispersão de esforços.
Foi lançada a campanha Respire Vida: Combata as Queimadas e o Desmatamento, unindo preservação ambiental e saúde pública. A Força-Tarefa de Proteção Ambiental reúne instituições da atuação direta e indireta na colaboração intersetorial.
Além disso, o governo criou a Rede Estadual de Governança Ambiental, com atividades de educação ambiental, realizadas por equipes técnicas da Semapi e Imac.
No planejamento regional, foi implantada a Secretaria Itinerante nas 5 regionais, para dialogar com gestores municipais, associações, cooperativas e comunidades em busca da execução das políticas de meio ambiente, a partir do entendimento da vocação e dinâmica territorial local.
O Acre também recebeu reforço do governo federal, com militares da Força Nacional, que vão atuar no enfrentamento às queimadas por 90 dias.