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Descoberta de poços de 8 metros na ‘cachoeira do Abraão’ no interior do acre

Nos últimos meses, uma mudança no curso do Rio Acre, especificamente em Porto Acre, tornou-se uma curiosidade e um ponto turístico, proporcionando alívio nas altas temperaturas. Apelidada de “Cachoeira do Abraão,” essa queda d’água atrai centenas de banhistas que encontram no local uma maneira de escapar do calor escaldante.

O estudo e a exploração dessa maravilha natural são liderados por um grupo de pesquisadores do Colégio de Aplicação (CAP) da Universidade Federal do Acre (Ufac). Reginâmio Lima, doutor em história e pós-doutorando em patrimônio histórico, detalha o processo de investigação.

O primeiro passo foi examinar o local sem a influência de eventos históricos, para registrar a impressão inicial. “Primeiro fomos ao local confirmar se havia uma cachoeira, o que não é comum no Rio Acre, e depois medimos a profundidade, porque duas pessoas morreram no local e queríamos entender o que estava acontecendo,” explicou Reginâmio Lima.

Durante essa investigação inicial, foram identificados dois poços dentro do rio, próximos à queda d’água, com profundidades de 6,10 metros e 8,5 metros. A presença desses poços sublinha a complexidade da “Cachoeira do Abraão,” e os pesquisadores estão avaliando a viabilidade de transformá-la em um ponto turístico, considerando questões como poluição e degradação.

O local onde a cachoeira é visível apresenta um canal com dupla utilização. Quando o rio está em um nível alto, a água flui por um lado, passando por um barranco de 15 metros de areia. Em contrapartida, durante períodos de seca, como o observado este ano, o rio flui pelo local onde a cachoeira se forma.

De acordo com relatos de moradores, a cachoeira pôde ser vista pela última vez durante uma seca severa há 60 anos. O estudo sobre o curso do rio e os impactos do turismo na região está sendo conduzido em parceria com a Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUC-RS), conforme informações do professor.

Pesquisas e Descobertas

A geógrafa doutora Elizabete Cavalcante enfatiza a importância do reconhecimento do local para avançar nas pesquisas. Ela observa que o surgimento da cachoeira é um evento raro, ocorrendo somente uma vez a cada seis décadas, como indicam os registros.

Este verão tem sido particularmente rigoroso, caracterizado por uma seca pronunciada. A área à direita da cachoeira, que atualmente está exposta, costumava ser uma parte alagada do rio, conhecida como planície de inundação. No entanto, devido à seca, essa área profunda, chamada de várzea, foi a única que permaneceu. A pesquisadora ressalta que essa situação é temporária e, com a chegada das chuvas, o rio preencherá novamente toda a região exposta, ocultando a cachoeira. Isso torna a “Cachoeira do Abraão” um fenômeno intermitente e passageiro, em vez de uma característica permanente.

Elizabete Cavalcante também esclarece como os poços se formam. Quando a água desce pela cachoeira, forma-se um turbilhonamento, gerando redemoinhos que criam os chamados marmitas, que são esses poços. Essas áreas profundas e com correnteza forte são onde ocorrem a maioria dos incidentes, devido à sua natureza traiçoeira.

Além de analisar a paisagem e o surgimento de bancos de areia, os pesquisadores estão examinando o assoreamento das margens do rio e a dinâmica do canal do rio em relação a esse fenômeno intrigante conhecido como a “Cachoeira do Abraão.”

algumas informações segundo o G1AC.