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Com feridas pelo corpo, professora do AC é diagnosticada com doença autoimune rara e família faz campanha para tratamento

A professora Florenir de Sousa Mascarenhas, de 52 anos, vem há meses enfrentando uma batalha após seu corpo ficar tomado por feridas. Ela foi diagnosticada com pênfigo vulgar, uma doença autoimune considerada rara e dolorosa.

Com uma vida saudável e dedicada ao trabalho, Florenir viu sua saúde ficar fragilizada de forma repentina, iniciando com lesões na boca, que se multiplicaram e se espalharam por todo o corpo.

Diante da gravidade da situação e com objetivo de conseguir a transferência dela para um hospital especializado na doença em Campo Grande (MS) assim que for liberada pelos médicos, a família da professora iniciou uma campanha para arrecadar dinheiro e, assim, garantir o tratamento adequado à professora.

Ao g1, a irmã da professora, a autônoma Filenyr Mascarenhas, contou que a irmã passou por várias unidades de saúde e que sofreu bastante até conseguir iniciar o tratamento.

Ela lembrou que, inicialmente, a professora resistiu em procurar ajuda médica, mas que depois foi até uma Unidade de Pronto Atendimento (Upa) e ao Pronto Socorro. Na Upa, ela chegou a ficar internada e depois, foi transferida para a Fundação Hospitalar do Acre (Fundhacre), onde permanece internada no isolamento do setor de infectologia.

“Apareceu essas bolhinhas no céu da boca, na língua, nas bochechas e nos lábios, começou na garganta. E aí, ela comprando pomada na farmácia, xarope, e nada resolveu. No dia 24 de setembro, depois de muito adular, conseguimos que ela fosse na UPA. O médico passou um remédio, um exame, e mandou para casa. Mas, ela piorou e a gente foi no PS. Lá, a médica disse que aquilo era coisa de postinho de bairro. Mas, como a gente já tava lá, ela terminou passando exame. No outro dia, foi para a UPA e já ficou internada. Passou nove dias sofrendo dentro da UPA da Sobral. Gritando de dor, gemendo, os cabelos e a pele caindo, ninguém sabia o que era”, contou a irmã.

Foi uma médica dermatologista que suspeitou que se tratava de pênfigo vulgar e passou o exame, que confirmou o diagnóstico

A situação da professora se agravou, quando em novembro ela sofreu um AVC, deixando-a com o lado esquerdo paralisado.

“No dia 15 de novembro, ela sofreu um AVC durante um procedimento que ela passava aqui no hospital. Aí ela está com o lado esquerdo paralisado, não estava falando, não estava comendo. Estamos tendo que fazer tudo no leito, é tudo bem difícil, tudo dói, ela passa muita dor. O AVC atrapalhou muito o andamento do tratamento do pênfigo, que é um tratamento que exige muito do paciente”, afirmou.

Sobre o tratamento, a irmã relatou que é bem dolorido. “É banho com curativo todos os dias, gritos de horror, de dor, pesadelo, sabe? Ela sente muita dor, ao ponto de desmaiar na hora da limpeza. É tão difícil pra quem está fora, que não pode fazer nada.”

Especialista explica doença
A médica dermatologista e infectologista Fátima Fagundes explicou que o pênfigo vulgar é uma doença autoimune que pode ser considerada rara. Ela afirmou que já acompanhou pacientes com esse diagnóstico tanto no Acre, como no Rio de Janeiro, e que o tratamento costuma dar bons resultados.

“Pênfigo vulgar é uma doença autoimune, quer dizer, o próprio organismo faz anticorpos contra uma proteína de ligação da epiderme. É uma doença que, na verdade, não é muito comum. O diagnóstico é feito através da biópsia com a imunofluorescência. É uma doença que tem controle, normalmente você suprime um pouco a imunidade da pessoa até ficar em remissão e depois você vai reduzindo a dose da medicação”, explicou.

A especialista informou que se trata de uma doença crônica, que não tem cura, e destacou que não é transmissível.

“Muita gente começa com uma ferida na boca, na cavidade oral, e depois vai evoluindo com o surgimento de outras lesões pelo corpo. O pênfigo tem uma característica que muitas vezes ele não faz exatamente uma bolha, ele faz muito mais só a ferida mesmo. É uma doença que é cuidada pelo dermatologista. Eventualmente, existem casos que são desencadeados por medicamentos. Geralmente aparece em mulheres a partir dos 40 anos”, concluiu.

Por Iryá Rodrigues, g1 AC