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Estudo revela triplicação nas apreensões de cocaína no Acre em três anos

O Acre, notadamente em municípios fronteiriços com o Peru e Bolívia, é uma rota consolidada para o tráfico de drogas, revela o relatório “Cartografias da Violência”, divulgado pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP) e Instituto Mãe Crioula. Os dados, baseados em informações das secretarias de Segurança Pública de nove estados da Amazônia Legal, indicam um aumento significativo nas apreensões de cocaína pelas polícias estaduais no Acre nos últimos quatro anos.

De acordo com o estudo, as apreensões de cocaína triplicaram, passando de 254 quilos em 2019 para 748 em 2022, após uma breve redução em 2021. A variação de 194% no último ano foi a quinta maior na região, totalizando 2,1 toneladas no período analisado.

Dados analisados pelo estudo foram repassados pelas secretarias de Segurança Pública de nove estados da Amazônia Legal — Foto: Reprodução/Cartografias da Violência na Amazônia

Surge a questão das causas desse aumento. O estudo considera duas hipóteses: um aumento na eficiência das polícias locais na apreensão de drogas ou um real crescimento na circulação de entorpecentes na região.

Paralelamente, as apreensões de maconha tiveram uma queda de 30% no mesmo período, considerando as polícias estaduais. Embora tenha havido oscilações nos anos anteriores, o total apreendido em 2022 foi de 405,5 quilos.

O estudo também destaca o aumento nas apreensões feitas pelas forças federais, com a Polícia Federal registrando um crescimento de 5,6 vezes na quantidade de cocaína recolhida entre 2019 e 2022, e a Polícia Rodoviária Federal apresentando um aumento de 5,7 vezes no mesmo período.

Além disso, o relatório revela um aumento nas mortes violentas intencionais no Acre entre 2021 e 2022, atribuído aos confrontos entre facções criminosas que disputam territórios do tráfico de drogas, especialmente em áreas de fronteira. O estudo aponta que 13 municípios acreanos estão em disputa, enquanto outros cinco estão sob controle de uma organização criminosa.

A pesquisa destaca ainda que o processo de expansão das facções na região está diretamente relacionado às dinâmicas do sistema prisional, ressaltando a necessidade de considerar a participação do Estado na estruturação desses grupos, sobretudo nas prisões.