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Pesquisadora da Universidade de Oxford alerta para dificuldades na previsão dos efeitos do El Niño no Acre em 2024

Com a previsão de se estender até abril, o fenômeno climático El Niño, conhecido por alterar os padrões de circulação atmosférica e aquecer a superfície do Oceano Pacífico, pode novamente impactar o Acre, assim como ocorreu no ano anterior com ondas de calor e estiagem severa. No entanto, a pesquisadora Erika Berenguer, ecóloga das Universidades de Oxford e Lancaster, destaca que os efeitos do El Niño no Acre em 2024 são desafiadores de prever.

Em uma entrevista ao ac24horas, Berenguer ressalta que o El Niño afeta a Amazônia de maneira desigual. Enquanto os efeitos são mais previsíveis no leste da Amazônia, como no estado do Amazonas, devido ao bloqueio dos ventos alísios que trazem umidade do Oceano Atlântico, no Acre, a oeste, os resultados dependerão da intensidade do El Niño e de outros fatores.

A cientista, renomada por seus estudos sobre fogo em florestas tropicais, abordou a discrepância nos focos de calor no Acre em 2023, ano de intensidade do El Niño. Ela explica que os focos de calor detectados por satélite, utilizados como referência pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), diferem dos incêndios florestais, que são mais difíceis de serem identificados devido à cobertura das copas das árvores. Os focos de calor incluem diversas modalidades de fogo, como queima de pastagens e áreas de lavouras.

Erika Berenguer alerta para uma tendência crescente de megaincêndios na Amazônia, enfatizando que esses eventos podem se tornar mais frequentes. Pesquisadores da Rede Amazônia Sustentável (RAS) também apontam que a região de Santarém e a fronteira da Bolívia com os estados brasileiros do Acre e Rondônia experimentaram megaincêndios devido à combinação do El Niño com mudanças climáticas, resultando na seca mais severa em quatro décadas na Amazônia.