A população da China diminuiu pelo segundo ano consecutivo, causando ainda mais preocupações sobre o crescimento futuro da segunda maior economia do mundo.
Dados divulgados nesta quarta-feira (17) mostraram uma população de 1,409 bilhão no final de 2023 – uma redução de 2,08 milhões em relação a 2022.
O declínio mais recente é o dobro do registrado no ano anterior, que marcou a primeira queda populacional no país em 60 anos.
Mas especialistas dizem que a queda já era esperada, considerando a classe urbana em expansão e a baixa recorde na taxa de natalidade do país.
Pequim disse nesta quarta-feira que a taxa de natalidade caiu para 6,39 para cada 1.000 habitantes, se igualando à de outras nações do Leste Asiático, como Japão e Coreia do Sul.
As taxas de natalidade do país vêm caindo há décadas – depois de impor a controversa política do filho único na década de 1980 para controlar a superpopulação da época.
O governo suspendeu a política em 2015 para tentar conter a queda populacional e criou também uma série de incentivos, como subsídios e pagamentos para encorajar as pessoas a constituir famílias.
Em 2021, flexibilizou ainda mais o limite para permitir que casais tenham até três filhos.
No entanto, as políticas tiveram pouco impacto, com os jovens das cidades modernas afirmando que fatores como o custo de vida e as prioridades profissionais após um período de três anos da covid-19 os dissuadem de ter filhos.
“Meu marido e eu queremos ter um filho, mas não podemos pagar por isso no momento”, diz Wang Chengyi, uma mulher de 31 anos de Pequim.
Ela disse à BBC que ela e seu parceiro precisariam economizar dinheiro por mais três anos para arcar com os custos de ter um filho – levando em conta especialmente as despesas escolares.
“Eu quero engravidar enquanto sou jovem, pois é melhor para minha saúde. No entanto, não tenho dinheiro suficiente por enquanto, então tenho que adiar. É uma pena e às vezes sinto pânico por causa disso”, conta.
Gráfico mostra taxa de natalidade na China — Foto: BBC