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Água, terra e ar: Logística multinível para o envio de suprimentos às cidades isoladas afetadas pela cheia dos rios no Acre

No meio do desastre natural que assola o Acre, o governo conta com uma colaboração multifacetada para estender o braço do Estado até as comunidades mais distantes, os municípios isolados que só podem ser acessados por via aérea ou fluvial, em viagens que podem durar até dez dias. A logística para a entrega de donativos a esses locais remotos, específicos da Amazônia, é o maior desafio na grande ação humanitária coordenada pelo governo estadual, com o apoio das gestões municipais, empresas privadas, bancada federal e a União.

Dos quatro municípios isolados, Santa Rosa do Purus e Jordão registraram cotas históricas na cheia dos rios. O envio de suprimentos, incluindo cestas básicas, kits de limpeza, medicamentos e kits de higiene, precisa ser pensado levando em consideração as particularidades de cada cidade. Além da parte técnica, é necessário reforço no recurso humano.

Para esse transporte, são utilizados barcos, aviões, helicópteros, quadriciclos, carros oficiais e tudo o que estiver ao alcance para garantir que esses donativos cheguem rapidamente às mãos dos necessitados. Em menos de uma semana, o governo já enviou mais de 1,3 mil cestas básicas através da Secretaria de Estado de Assistência Social e Direitos Humanos (SEASDH). Além disso, a Secretaria Extraordinária dos Povos Indígenas (Sepi) encaminhou cestas básicas de 60 quilos cada, totalizando 24 toneladas.

Dos 22 municípios acreanos, 17 estão com a emergência reconhecida pelo governo federal após decreto publicado pelo governador Gladson Cameli. Ítalo Medeiros, coordenador da Casa Civil, destacou que a prioridade é chegar rapidamente a esses locais de difícil acesso.

“O governo tem concentrado seus esforços em enviar primeiro os donativos para as cidades mais necessitadas. É um grande desafio, pois, em alguns municípios, a forma mais rápida de acesso é através de aviões. Temos buscado enviar por via aérea, que é mais rápida, em quantidades menores, e o restante, dependendo da quantidade, é enviado por barcos”, explica.

Parcerias Multissetoriais e Coordenação Regional

Diálogo e união são fundamentais em uma operação como essa. As parcerias vão desde o poder Judiciário, Legislativo, empresas privadas até os recursos do governo federal que foram liberados após o reconhecimento do estado de emergência.

Coordenadores regionais, secretários e presidentes de autarquias foram convocados para coordenar equipes de atuação nas cidades mais afetadas. Desta forma, é possível disponibilizar a estrutura estatal para dar suporte aos municípios. Além disso, os coordenadores locais são os olhos do Estado nessas localidades, para definir a demanda de cada uma.

O presidente da Companhia de Armazéns Gerais e Entrepostos do Acre (Cageacre), Pádua Bruzugu, foi destacado para atuar em Santa Rosa do Purus. Na ida, ele levou cestas básicas, 700 quilos de alimentos de primeira necessidade, redes, fraldas descartáveis, cortinas e medicamentos.

Dos 6.723 moradores de Santa Rosa do Purus, 4.297 se declaram indígenas, representando 64% da população. Isso também ocorre em Jordão, que tem 45% de sua população formada por indígenas.

Logística Aérea e Reforço Federal

O Centro Integrado de Operações Aéreas do (Ciopaer) tem sido fundamental para tornar o socorro mais ágil. O helicóptero é um dos meios utilizados para chegar às comunidades mais remotas.

O comandante do Ciopaer, tenente-coronel Samir Freitas, descreve como esse trabalho é realizado. Em menos de uma semana, donativos foram enviados para Brasileia, Xapuri, Rio Branco e Santa Rosa, mas o suporte continua conforme as demandas da campanha “Juntos pelo Acre”.

“O Ciopaer possui helicópteros que auxiliam a levar os insumos para os municípios, comunidades e aldeias em locais de difícil acesso. É uma maneira mais rápida e eficiente de levar os mantimentos necessários para aqueles que estão mais longe das cidades e que também perderam seus bens, seus alimentos e sua fonte de renda que vem da agricultura. Além disso, juntamente com as demais Secretarias do Estado, podemos identificar outras necessidades daqueles que estão mais isolados”, explica.

Por ser uma das formas mais rápidas de alcançar as comunidades mais distantes, o coordenador da Defesa Civil Estadual, coronel Carlos Batista, pediu ao governo federal reforço nesses voos, com o envio de aeronaves com maior capacidade para que um número maior de suprimentos chegue mais rápido a essas pessoas.

Transparência e Informação: Pilares da Ação

A Secretaria de Estado de Comunicação desempenha um papel crucial na divulgação das ações governamentais, fornecendo informações precisas e transparentes à população. Desde o início da semana, equipes foram destacadas para as regiões mais afetadas pela cheia, com o objetivo de registrar todos os detalhes.

A titular da pasta, Nayara Lessa, destaca o papel desempenhado pela comunicação para informar a população e prestar contas das ações do governo. Em menos de uma semana, foram produzidas 79 matérias sobre as ações do governo na cheia, além de boletins, peças publicitárias e material para rádio, TV e redes sociais.

“Além de abastecer o sistema público de comunicação, a Secretaria de Comunicação também fornece imagens, fotos e vídeos para a imprensa nacional. Grandes veículos têm nos solicitado esses materiais e a gente envia diariamente todos esses conteúdos, então é um desafio grande. Ser jornalista na Amazônia é um desafio imenso, mas acredito que a nossa equipe tem cumprido com o seu papel de informar a população de todos os feitos do governo e isso também é uma ação de democracia”, finalizou a secretária de Comunicação.

Histórias de Resiliência e Solidariedade

Os profissionais envolvidos na cobertura da cheia testemunharam momentos de resiliência e solidariedade. Em meio ao caos, a população demonstrou uma incrível capacidade de se unir para enfrentar os desafios.

A jornalista Karolini Oliveira relata uma história emocionante de solidariedade em Santa Rosa do Purus, destacando a força e a generosidade das pessoas em tempos difíceis. Outros profissionais também destacam a importância de contar essas histórias e o impacto positivo que podem ter, mesmo em meio à adversidade.

Enquanto o Acre enfrenta uma das piores cheias de sua história, a união e a colaboração de todos os envolvidos na operação de socorro oferecem esperança e conforto às comunidades afetadas. O compromisso do governo em cuidar dos mais vulneráveis e o apoio da população demonstram a resiliência e a solidariedade que caracterizam a região.

Via Agência de Notícias do Acre.