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Laboratório a céu aberto facilita pesquisas sobre queimadas

Na Fazenda Tanguro, localizada em Querência (MT), um projeto pioneiro está revolucionando estudos sobre meio ambiente, ação humana e a dinâmica dos ecossistemas em transição entre o Cerrado e a Floresta Amazônica. Desenvolvido pelo Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia (Ipam), esse laboratório a céu aberto oferece infinitas possibilidades de pesquisa em uma área de quase 100 mil hectares.

A propriedade, anteriormente utilizada para criação de gado, mantém parte de sua extensão preservada, proporcionando um ambiente propício para experimentos que exploram a relação entre áreas intocadas e aquelas afetadas pela intervenção humana.

Um dos focos de estudo é o impacto das queimadas. Por meio de um contrato entre produtores e pesquisadores, foram conduzidas pesquisas sobre os efeitos do fogo e a subsequente recuperação de uma floresta estacional perenifólia, também conhecida como floresta sempre-verde. O objetivo inicial era observar como o fogo age em áreas preservadas e, posteriormente, avaliar os impactos causados na fauna e flora locais.

Para isso, uma área de 150 hectares foi selecionada e dividida em três partes: uma não queimada (para controle), outra submetida a queimas a cada três anos, e uma terceira queimada anualmente, totalizando dez queimas ao longo de uma década. Durante esse período, foram realizados monitoramentos regulares para avaliar a resposta do ecossistema às queimadas.

Além disso, o projeto abrange estudos sobre a recuperação natural dos locais afetados pelas queimadas. Os dados gerados ao longo dos anos alimentam novas pesquisas e contribuem para o desenvolvimento de políticas públicas voltadas para a conservação ambiental.

Com mais de 244 estudos conduzidos na fazenda, o projeto se tornou um centro de troca de experiências entre pesquisadores nacionais e internacionais. Sua relevância levou à integração ao Programa de Pesquisas Ecológicas de Longa Duração (PELD), iniciativa do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), que estabelece uma rede de locais de referência para estudos de ecologia de ecossistemas.

Essa iniciativa não apenas proporciona insights valiosos sobre os efeitos das queimadas na vegetação nativa e na biodiversidade, mas também permite projeções sobre o futuro dos ecossistemas em um cenário de mudanças climáticas.

Via Agência Brasil.