ENTRETENIMENTO

Neurocientista afirma que avanços em neurotecnologia permitirão alterações no funcionamento mental e defende direito à privacidade

Rafael Yuste, renomado neurobiólogo espanhol, é reconhecido como um dos principais neurocientistas da atualidade, cujas contribuições científicas o colocam como forte candidato ao principal prêmio científico mundial. Admirador de Santiago Ramón y Cajal, considerado o “pai da neurociência moderna”, Yuste é diretor do Centro de Neurotecnologia da Universidade de Columbia, nos Estados Unidos.

Yuste é um dos idealizadores da Iniciativa Brain, lançada em 2014 pelo então presidente norte-americano Barack Obama, visando promover o desenvolvimento de técnicas e dispositivos para compreender o funcionamento da mente humana.

Em uma entrevista exclusiva à Agência Brasil, Yuste discutiu os avanços no desenvolvimento das neurotecnologias e defendeu a proteção dos dados obtidos por meio delas, propondo o direito à privacidade mental. Ele destacou que as neurotecnologias, que envolvem métodos e dispositivos para registrar ou modificar a atividade cerebral, têm sido utilizadas principalmente no ambiente clínico para tratamento de doenças neurológicas.

No entanto, Yuste ressaltou que o uso crescente das neurotecnologias suscita preocupações éticas e sociais. Ele é um dos fundadores da Fundação Neurorights, que propõe a inclusão dos chamados neurodireitos para proteger os indivíduos da possível má utilização das neurotecnologias.

Entre os neurodireitos propostos, destacam-se o direito à privacidade mental, à identidade pessoal, ao livre-arbítrio, ao acesso equitativo às neurotecnologias e à proteção contra discriminação. Yuste defende que cientistas e empresas do ramo façam um juramento semelhante ao de médicos, comprometendo-se a utilizar as neurotecnologias para beneficiar as pessoas.

A discussão sobre a regulamentação dos neurodireitos tem ganhado espaço em diferentes países, com propostas de emendas constitucionais para proteger a atividade cerebral. Yuste enfatiza a importância de equilibrar o desenvolvimento das neurotecnologias com a proteção dos direitos individuais.

Apesar dos desafios éticos e sociais, Yuste expressa otimismo em relação ao potencial das neurotecnologias para ajudar pacientes com transtornos neurológicos e neurodegenerativos, desde que seu uso seja ético e responsável.

Via Agência Brasil.