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Acre deve produzir 120 mil toneladas de carne bovina em 2024 e pecuária se torna atividade econômica mais consolidada do estado

Um estudo realizado pelo Fórum Empresarial de Inovação e Desenvolvimento do Acre, divulgado na quarta-feira, 24, mostra que a pecuária já é considerada a atividade econômica mais consolidada do estado e que este ano a produção de carne bovina deve chegar a 120 mil toneladas.

O novo levantamento, que tem apoio da Fundação de Apoio e Desenvolvimento ao Ensino, Pesquisa e Extensão Universitária no Acre (Fundape), mostra que os dados da pecuária são bastante significativos se comparados a outros setores da economia local, a ponto de se afirmar que a pecuária pode ser considerada a atividade econômica mais consolidada do estado, representando 40% do Valor Bruto da Produção (VBP).

Sobre o número de abate, a estimativa é de que sejam abatidos 485 mil bovinos ao longo do ano, o que representa 1,05% da produção de carne do Brasil. Com uma taxa média de crescimento por ano de 6,65%, pode-se projetar um rebanho de mais de 5,3 milhões de bovinos no Acre em 2024, e que em 2030 o rebanho acreano supere as 7,7 milhões de cabeças.

“O Ministério da Agricultura (Mapa, 2024) calcula o VBP agropecuária do Acre em fevereiro deste ano em R$ 2,830 bilhões, sendo que a pecuária bovina representa R$1.753,4 bilhões, ou seja, 61% do VBP”, aponta o estudo.

O IBGE aponta que o rebanho bovino do Acre em 2022 era de 4.635.381 animais, sendo que a região do Baixo Acre concentra 54% do rebanho bovino acreano. A área de pastagem utilizada pela pecuária no Acre é de 2,38 milhões de hectares.

“Com a projeção média brasileira de crescimento de 4% no abate bovino, é possível estimar uma quantidade de pelo menos 485 mil abates bovinos para 2024 para o Acre, ou seja, 1,05% da produção de carne bovina do Brasil. Considerando que foram produzidas 115,5 mil toneladas de carne bovina em 2023, é possível que o Acre produza pelo menos 120 mil toneladas de carne bovina em 2024”, reforçou o estudo.

O estudo destaca ainda que o cenário de pecuária no Acre é bastante promissor e os dados têm o objetivo de fazer com que políticas sejam direcionadas para o setor.

“Os governos podem direcionar políticas públicas que possibilitem aos pequenos e médios produtores internalizar as tecnologias agropecuárias para melhorar a produtividade e acompanhar os níveis de produtividade dos grandes produtores. Assim, em um curto espaço de tempo, o Acre atingiria uma produtividade média acima de dois animais por hectare, sem necessitar expandir as áreas de pastagens. Isso sim poderia ser a maior política de sustentabilidade apresentada pelo estado do Acre”, sugere.

Ações e expansão
Jonas Celestrini Junior, que é auditor fiscal estadual agropecuário, chefe da Divisão de Inspeção de Produtos de Origem Animal (Dipoa)/Serviço de Inspeção de Produtos de Origem Animal no Estado do Acre (SIE) do Instituto de Defesa Animal e Florestal (Idaf-AC), confirma que o setor agropecuário está em expansão.

“Esse aumento expressivo também é principalmente devido à abertura de duas novas plantas frigoríficas [uma no município de Tarauacá e outra em Senador Guiomard] com registro no Serviço de Inspeção Federal [Serviço de Inspeção Federal], saltando de duas para quatro plantas frigoríficas com SIF . Também houve aumento no volume de abate nas plantas frigoríficas com registro no Idaf [Serviço de Inspeção Estadual – SIE], demonstrando um aumento no consumo interno”, destaca.

O auditor lembra ainda o reforço no efetivo do Idaf, a partir de 2021, com o chamamento dos servidores que passaram em concurso público. Foram feitos investimentos também com aquisição de veículos e computadores e reforma nos escritórios.

“Nesse período também o Acre teve o reconhecimento internacional de zona livre de febre aftosa sem vacinação, houve a adesão do Serviço de Inspeção de Produtos de Origem Animal no Estado do Acre [SIE] ao Sistema Brasileiro de Inspeção de Produtos de Origem Animal [Sisbi-POA], que, em poucas palavras, abre a possibilidade para que as indústrias com registro SIE possam expandir seu mercado para além do território acreano”, explica.

Comércio exterior

Já o comércio exterior desse produto é de competência do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), com os acordos e tratativas comerciais entre as indústrias exportadoras e os mercados importadores.

O papel do Idaf é ser responsável, entre outras atribuições, em garantir a sanidade dos rebanhos do Acre, mantendo-os livres de doenças que causam restrições de países importadores.

“Para isso, executamos diversos programas sanitários às vistas de atender normativas do Mapa, fazendo visitas e fiscalizações em propriedades rurais em todos os municípios, sendo um dos órgãos com escritórios para atendimento até nos municípios isolados”, complementa.

Ainda são realizadas ações de educação sanitária, levando conhecimento para os produtores rurais e à sociedade em geral.

“Informamos a importância de se manter os rebanhos bem cuidados e sempre informar ao Idaf a suspeita do surgimento de qualquer doença em seus animais ou lavouras. Paralelamente cito, como uma política do atual governo para desenvolvimento dos pequenos produtores do estado, a criação do Selo D’Colônia pelo Idaf, que desburocratiza o registro de miniagroindústrias familiares que processam produtos de origem animal em pequena escala”, afirma.

Estudo para na área

Uma das pesquisas em andamento por meio do Programa Primeiros Projetos (PPP) pretende chegar a um sistema tecnológico que vai facilitar o manejo do gado no estado do Acre. A ideia é que, por meio de drone e um dispositivo colocado no animal, o dono do rebanho tenha informações, como pesagem e saúde do animal.

O objetivo do projeto do doutor em engenharia elétrica Pablo Torrez Caballero é elaborar algoritmos de estimação de volume de gado por meio da combinação de métodos e técnicas, com processamento de imagens, visando estimar o volume do boi que tenha potencial para a pecuária.

“O objetivo é a gente ter uma forma de estimar o volume das vacas, isso com a ajuda de um drone. Inicialmente, a ideia é que esse drone, ao passar e identificar o animal, consiga reconstruir o volume e estimar o peso. Como isso precisa muito do poder computacional, o desafio é chegar a um programa que seja mais leve em termos de computação e tentar fazer com que um celular consiga fazer essa tarefa enquanto recebe o feed do drone”, explica.

Atualmente, para se obter essas informações, o rebanho precisa ser direcionado para um balança, onde todo esse trabalho é feito de forma manual.

“O objetivo do projeto é que esse trabalho pudesse ser feito apenas com o drone, que daria esses dados.  Pelo menos conseguimos saber o estado desse animal, se está doente, inchado, se tem algum problema. Nesse sistema, por meio da inteligência artificial, seria mais confortável”, observa.

Ao sobrevoar uma área com o rebanho, o drone detectaria o animal e passaria as informações para um aplicativo do celular. O tempo de desenvolvimento desse estudo no programa é de 18 meses. Os recursos foram disponibilizados em dezembro do ano passado, quando os pesquisadores iniciaram os processos.

Via Secom