A iminente escalada das cotações do petróleo devido às tensões entre Irã e Israel pode ter impactos significativos no cenário nacional. O esperado aumento no valor da commodity tende a agravar a defasagem nos preços dos combustíveis praticados pela Petrobras, gerando pressões por um reajuste no preço da gasolina e do óleo diesel.
Com as recentes altas no preço do barril, que voltou a superar os US$ 90, os preços dos combustíveis praticados pela Petrobras têm aumentado a diferença em relação aos preços internacionais. Atualmente, a gasolina vendida pela estatal apresenta uma defasagem de 19% (equivalente a R$ 0,66) em relação ao Preço de Paridade de Importação (PPI).
No caso do óleo diesel, a diferença de preços está em 10%, equivalente a R$ 0,41 por litro. Esses dados são baseados no mais recente relatório da Abicom (Associação Brasileira dos Importadores de Combustíveis), divulgado na sexta-feira (12 de abril de 2024).
A Petrobras ainda não realizou nenhum reajuste nos preços dos combustíveis em 2024. Contudo, o aumento gradual do petróleo, que já subiu 20% neste ano, está pressionando por uma revisão nos preços. Caso ocorra uma escalada nos preços do barril devido aos conflitos entre Irã e Israel, um aumento nos preços internos será inevitável.
O mercado avalia que a Petrobras tem adiado os reajustes mesmo diante da defasagem, considerando a situação delicada do presidente Jean Paul Prates. Recentemente, ele esteve sob pressão para ser demitido, mas a situação parece ter se acalmado.
Entretanto, um reajuste nos preços dos combustíveis pode colocar Prates em uma posição ainda mais delicada, especialmente considerando o aspecto político. Por outro lado, do ponto de vista econômico e financeiro da estatal, uma recomposição nos valores é necessária para evitar prejuízos.
Apesar de ter abandonado o PPI como política de precificação, a Petrobras ainda é influenciada pelas variações do petróleo e do câmbio, especialmente porque parte dos combustíveis consumidos no Brasil é importada. A última alteração nos preços ocorreu há mais de 3 meses, em dezembro de 2023 para o diesel e em outubro de 2023 para a gasolina.
O contexto de preços abaixo das cotações internacionais no final de 2023 mudou ao longo de 2024, com o barril de petróleo tipo brent iniciando o ano em US$ 75 e agora chegando a US$ 90 devido aos riscos geopolíticos. A Petrobras, sob novas diretrizes, precisa equilibrar suas decisões entre o mercado internacional e as demandas internas para manter a estabilidade financeira e evitar distorções nos preços dos combustíveis.