Cotidiano

Estudo global confirma eficácia de ações para conservação ambiental

Um estudo abrangente sobre a eficácia das ações de conservação ambiental revela que iniciativas como a criação de áreas protegidas, o controle de espécies invasoras e a restauração de vegetação nativa são eficazes para melhorar a biodiversidade e desacelerar o desequilíbrio dos ecossistemas. Os resultados, divulgados no Brasil neste sábado (18) pelo pesquisador Martin Harper, da rede global Birdlife International, foram recentemente publicados na prestigiosa revista científica Science.

Intitulado The Positive Impact of Conservation Action (O Impacto Positivo da Ação de Conservação), o estudo analisou 186 pesquisas e 665 ensaios de diversas partes do mundo, abrangendo um século de investigações científicas sobre iniciativas de conservação da biodiversidade.

De acordo com o estudo, a eficácia das ações de conservação foi comprovada em mais de 50% das amostras e em dois terços dos casos analisados. Os resultados mostraram que o declínio da biodiversidade, incluindo a perda de espécies de fauna e flora, foi desacelerado. Além disso, essas ações se mostraram eficazes em diferentes regiões geográficas, biomas e sistemas políticos.

Harper destacou que o estudo fornece evidências científicas essenciais para orientar a construção de políticas públicas e legislações em diversos países. “Fundamentalmente, é preciso que governos em todo o mundo traduzam os compromissos descritos no Marco Global de Biodiversidade de Kunming-Montreal – adotado por quase 200 governos em 2022 – em estratégias nacionais e planos de ação apoiados por financiamento adequado.”

Apesar dos efeitos positivos das ações de conservação, a pesquisa também enfatiza o contínuo declínio da biodiversidade, uma realidade corroborada por estudos como o da União Internacional para Conservação da Natureza, que aponta a existência de 44 mil espécies documentadas em risco de extinção.

Ações Insuficientes

Harper ressaltou que, embora eficazes, as ações de conservação ambiental ainda são insuficientes para manter os serviços ecossistêmicos equilibrados. “O Fórum Econômico Mundial sugeriu que a perda de biodiversidade e o colapso do ecossistema são o terceiro maior risco para a economia mundial na próxima década,” lembrou.

Pedro Develey, diretor executivo da Save Brasil, integrante da Birdlife International, observou que a insuficiência das ações de conservação afeta negativamente, especialmente, países com alta biodiversidade, como o Brasil. Ele destacou que catástrofes climáticas, como as ocorridas no Rio Grande do Sul, evidenciam a necessidade urgente de investimentos em conservação. “Precisamos de mais incentivo e mais recursos para pesquisa e também mais investimento na conservação. Trabalhos de conservação de ponta são caros, mas a restauração é ainda mais cara,” enfatizou Develey.

As pesquisas brasileiras incluídas no estudo também confirmaram a eficácia da destinação de terras públicas para a criação de unidades de conservação e territórios indígenas na Amazônia. Para Develey, isso indica a necessidade de ações contínuas, como a regularização fundiária em áreas privadas e uma maior fiscalização sobre o manejo dos biomas. “Com vontade política, tudo isso é possível, mas é preciso também o apoio da sociedade, porque a conservação é importante para todos, é vital para a nossa vida.”

Via: Agência Brasil.