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Aeronáutica suspende investigação de acidente aéreo no Acre

O Centro de Comunicação Social da Aeronáutica informou, que decidiu interromper as investigações do acidente aéreo envolvendo um avião de matrícula PT-DFX, ocorrido em 20 de maio no município de Tarauacá, no interior do Acre. O avião, um monomotor Cessna com capacidade para duas pessoas, transportava três ocupantes. Apenas um deles sofreu ferimentos leves e já se recupera bem.

De acordo com o comunicado, a decisão se baseia no Decreto nº 9.540/2018, que regula o Sistema de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (SIPAER). O decreto permite a interrupção das investigações em casos de atos ilícitos dolosos ou quando a investigação não contribui para a prevenção de novos acidentes. O Centro de Comunicação destacou que uma dessas condições foi atendida no caso do acidente em Tarauacá, levando à suspensão das investigações e à ausência de um Relatório Final.

O avião saiu de Jordão (AC) com destino a Tarauacá (AC), mas caiu no Rio Tarauacá, a poucos minutos do aeroporto de destino. Os ocupantes do voo eram o piloto Pedro Rodrigues, Wesley Evangelista Lopes (contratante do voo) e Genésio Rodrigues de Olinda. Genésio, que sofreu uma fratura no nariz, foi socorrido por moradores locais e liberado do hospital algumas horas depois.

Genésio relatou à imprensa que pagou R$ 300 ao piloto para a viagem até Tarauacá, onde realizaria uma perícia médica. Ele afirmou que, após o acidente, os envolvidos tentaram impedir filmagens e fotografias do local. Contrariando a versão oficial, ele afirmou ter viajado em um assento enquanto Wesley estava sentado no assoalho do avião.

Em contrapartida, o piloto Pedro Rodrigues declarou ao ac24horas que viajava apenas com Wesley e que Genésio teria se ferido ao mergulhar no rio para ajudar no resgate. “Nunca o vi antes, ele se machucou lá, e foi levado ao hospital por um barco”, disse Pedro.

Informações do Ministério Público Federal (MPF) em Tefé, no Amazonas, revelam que Wesley Evangelista Lopes foi responsável por uma operação de tráfico internacional de drogas em 2018. Ele coordenou a logística para transportar entorpecentes da Venezuela, onde foram recebidos por guerrilheiros das FARC, até a Bolívia. A operação foi interrompida pela polícia em Carauari (AM), resultando na apreensão de 458 kg de cocaína.

Wesley foi preso em agosto de 2019 e condenado a 10 anos, 9 meses e 9 dias de prisão em novembro de 2020, sem direito à substituição da pena. Surpreendentemente, ele está em liberdade menos de quatro anos após a condenação.

Pedro Rodrigues afirmou desconhecer o passado criminoso de Wesley e garantiu que não participaria de atividades ilícitas. “Fui contratado para fazer um planejamento e depois o voo. Descobri sobre o passado dele apenas hoje [22 de maio]. Sou especialista em segurança de voo e não colocaria minha carreira em risco”, concluiu.

O delegado Ronério Silva, titular da Delegacia de Polícia Civil de Tarauacá, tentou ouvir Wesley como vítima do acidente, mas ele não foi localizado. A suspeita do delegado é que o voo poderia estar relacionado a uma nova rota de tráfico de drogas.

A advogada de defesa de Wesley Evangelista no processo anterior informou que não representa mais o cliente e desconhece o contato atual dele.

Com informações do ac24horas.