Mas, segundo Marina, o problema no Pantanal foi uma “situação acima da capacidade humana de prever”.
— Houve antecipação do que era para acontecer em agosto (quando se inicia o período tradicional da seca).Se alguém toma um tiro na cabeça ou sofre um infarto fulminante, não quer dizer que uma UTI preparada dá conta de resolver o problema — disse Marina, em uma analogia, que acrescentou que o governo está elaborando um plano de gerenciamento de risco em função das mudanças climáticas. —O homem tem que aprender, ele não ganha da natureza. Ela vai sempre ser mais forte que nós. O que estamos vivendo é um evento extremo. Precisamos trabalhar a gestão do risco e não apenas a do desastre.
A ministra Simone Tebet disse que, até agora, ainda não houve necessidade de liberação de crédito extraordinário para a estrutura de combate aos incêndios, mas que o presidente Lula determinou que os ministérios não meçam esforços para atuarem no Pantanal. Em uma fala ainda mais dura sobre a contribuição de proprietários rurais na tragédia, ela cobrou investigações e disse que, após a Lei do Pantanal, é possível que fazendeiros tenham intensificado as queimadas para limpezas de pastagens.
Sancionada pelo governo do Mato Grosso do Sul em dezembro do ano passado, a Lei do Pantanal entrou em vigor em fevereiro e alterou as normas de proteção do bioma. Elaborada em parceria com o Ministério do Meio Ambiente, a legislação deu novas regras ao cultivo agrícola e à produção pecuária e determinou a necessidade de se preservar 50% da área de propriedades rurais com formações florestais e de Cerrado, e 40% se for locais com formações campestres.
— Além dos efeitos climáticos, tem aqui a mão do homem. Precisa ser investigado que, quando aprovou lei do estado, de repente pensaram que era hora de passar logo a boiada antes que chegasse a fiscalização. Um aumento de 3 mil% dos focos de calor (em comparação com o mesmo período do ano passado) tem algo muito errado que não estava no nosso cronograma. Todas equipes estavam mobilizadas, mas com 3 mil focos não daríamos conta, porque quase 90% dos focos acontecem em propriedades privadas. E ninguém pode entrar em propriedade privada antes de ter foco.
Como apontam as previsões, a seca histórica ficará ainda mais grave entre julho e setembro, período de menos chuva no Pantanal historicamente. Meteorologista do Centro de Monitoramento de Tempo, do Clima e dos Recursos Hídricos de Mato Grosso do Sul (Cemtec), Vinicius Sperling, explicou as causas do problema.
— Há um déficit hídrico muito elevado. De setembro a maio, houve 7 a 8 ondas de calor, e as chuvas estão muito abaixo da média. Estamos há 73 dias sem chuva em Corumbá. É um período muito longo aliado a temperaturas muito acima da média e baixíssima umidade relativa, o que gera situações propícias a incêndios. As condições de seca se estabeleceram mais cedo, em pleno período de chuva.
Sancionada pelo governo do Mato Grosso do Sul em dezembro do ano passado, a Lei do Pantanal entrou em vigor em fevereiro e alterou as normas de proteção do bioma. Elaborada em parceria com o Ministério do Meio Ambiente, a legislação deu novas regras ao cultivo agrícola e à produção pecuária e determinou a necessidade de se preservar 50% da área de propriedades rurais com formações florestais e de Cerrado, e 40% se for locais com formações campestres.
— Além dos efeitos climáticos, tem aqui a mão do homem. Precisa ser investigado que, quando aprovou lei do estado, de repente pensaram que era hora de passar logo a boiada antes que chegasse a fiscalização. Um aumento de 3 mil% dos focos de calor (em comparação com o mesmo período do ano passado) tem algo muito errado que não estava no nosso cronograma. Todas equipes estavam mobilizadas, mas com 3 mil focos não daríamos conta, porque quase 90% dos focos acontecem em propriedades privadas. E ninguém pode entrar em propriedade privada antes de ter foco.
Como apontam as previsões, a seca histórica ficará ainda mais grave entre julho e setembro, período de menos chuva no Pantanal historicamente. Meteorologista do Centro de Monitoramento de Tempo, do Clima e dos Recursos Hídricos de Mato Grosso do Sul (Cemtec), Vinicius Sperling, explicou as causas do problema.
— Há um déficit hídrico muito elevado. De setembro a maio, houve 7 a 8 ondas de calor, e as chuvas estão muito abaixo da média. Estamos há 73 dias sem chuva em Corumbá. É um período muito longo aliado a temperaturas muito acima da média e baixíssima umidade relativa, o que gera situações propícias a incêndios. As condições de seca se estabeleceram mais cedo, em pleno período de chuva.