As imagens foram feitas no dia 21 de abril, um domingo, e divulgadas no canal de Gen Kimura, criador de conteúdo digital. No vídeos, ele aparece de colete da PM e narra perseguições feitas pelos agentes.
“Esse sou eu numa perseguição policial no país mais mortal do mundo”, diz o influenciador.
O g1 entrou em contato com o Gen Kimura e aguarda retorno. Após a repercussão do caso, as imagens foram reeditadas no canal do influenciador.
No vídeo, ele também descreve a forma como os policias atuam nas periferias da cidade:
“Nós não achamos nada suspeito nas casas em que reviramos, mas isso não os parou [os policiais] de revistar as pessoas. Acho que muitas pessoas nos EUA chamariam isso de ‘profiling’ [busca por pessoas com suposto histórico criminal – metodologia apontada por especialistas como racista e discriminatória], mas nesse caso parece um recurso que eles precisam utilizar, especialmente em um ambiente tão imprevisível, não apenas pela segurança deles, mas para achar mais pistas sobre membros do tráfico. Como veremos adiante, eles foram certeiros no ‘profiling’ deles.”
Ariadne Natal, especialista em Letalidade policial, pesquisadora associada do Núcleo de Estudos da Violência da USP, pesquisadora de pós-doutorado do Peace Research Institute Frankfurt, na Alemanha, aponta que a abordagem é sensacionalista e preconceituosa.
“As comunidades patrulhadas são apresentadas como locais onde “as piores atrocidades acontecem” e onde todos são potenciais criminosos. Moradores são mostrados sem autorização, sendo até ridicularizados em um momento. Diversas ações inadequadas da polícia são capturadas, como abrir portas, entrar em barracos sem autorização e apontar armas para pessoas, inclusive crianças, que são mostradas em vídeo, contrariando o Estatuto da Criança e do Adolescente”, disse em entrevista à GloboNews.
PMs celebram mortes com ‘cigarros e bebidas’
Em um outro momento dos registros, o influenciador afirma:
“Esse tempo todo, não sei se vocês estão conseguindo ver, mas eu estou tenso. Espero que esteja conseguindo transmitir o que eu tô sentindo nesse momento” (…) “É muito perigoso, mas é muito lindo [a favela].”
Em uma das conversas, um policial comenta, em inglês, que as mortes de criminosos são comemoradas “com cigarros e bebidas”.
“Quando matamos um bandido, nós celebramos com cigarro e bebidas. [Com o batalhão?] Não, só o pelotão. Como dissemos antes, o pelotão é como uma família.”
A SSP diz que a frase “não condiz com as práticas adotadas pelas forças de segurança do Estado”. Segundo apurado pelo g1, o agente será investigado pelas declarações.
Em nota, a secretaria afirmou que solicitou esclarecimentos à Polícia Militar logo após ter acesso aos vídeos e que foi instaurada uma “sindicância para apurar todas as circunstâncias e adotar as providências necessárias.”
“As polícias paulistas são instruídas e continuamente capacitadas para agirem dentro da lei. Excessos e desvios não são tolerados e todos os casos são punidos com rigor. Além disso, a dinâmica do vídeo não é permitida de acordo com as regras internas da Corporação.”
O Youtuber conta ainda que acompanhou o trabalho das polícias científica e técnica. E diz ter visto cenas de um crime com vítimas.
YouTuber participa de operação da PM em SP — Foto: Reprodução/YouTube
Youtuber posa ao lado de policial civil durante documentário em que passou 24 horas com a polícia — Foto: Reprodução/YouTube