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Biólogos e veterinários salvam fauna ameaçada pelos incêndios no Pantanal

Quatro anos após os devastadores incêndios que consumiram cerca de 30% do Pantanal brasileiro, a região enfrenta novamente a ameaça das chamas, colocando em risco as espécies animais desse santuário da biodiversidade e patrimônio natural da humanidade. Enquanto brigadistas, bombeiros, militares e voluntários lutam contra o fogo, biólogos, veterinários e outros profissionais se dedicam a mitigar o sofrimento dos animais.

“O fogo é um fator extremamente estressante para a biodiversidade. Devemos estar vigilantes, pois é difícil prever até quando essa riqueza de fauna e flora conseguirá resistir antes de perdermos irremediavelmente espécies para esses incêndios recorrentes que têm consumido as mesmas áreas”, alertou o biólogo Wener Hugo Arruda Moreno, do Instituto Homem Pantaneiro (IHP).

O Instituto Homem Pantaneiro é parte integrante do Grupo de Resgate Técnico Animal Cerrado Pantanal (Gretap), que inclui várias organizações civis e instituições estaduais e federais. Desde sua criação em 2021, o Gretap tem monitorado, resgatado e prestado assistência aos animais afetados por desastres ambientais em Mato Grosso do Sul.

Um estudo publicado por pesquisadores brasileiros em 2021 revelou que os incêndios de 2020 no Pantanal resultaram na morte direta de aproximadamente 17 milhões de animais vertebrados. As maiores perdas foram entre pequenas serpentes (9,4 milhões), roedores (3,3 milhões) e aves (1,5 milhão).

Este ano, o número de focos de incêndio no bioma durante o primeiro semestre alcançou o maior registro dos últimos 26 anos, superando até mesmo o número de 2020. Em junho, a área queimada também atingiu a maior média para o mês desde 2012, de acordo com a rede Mapbiomas.

“Nos últimos tempos, nosso trabalho se intensificou bastante, especialmente no último mês. Estamos frequentemente nas áreas pantaneiras afetadas pelos incêndios, avaliando se os animais estão retornando debilitados ou se têm recursos suficientes para sobreviver”, destacou Moreno, enfatizando a velocidade com que o fogo se espalha pela vegetação seca.

Para atuar efetivamente, os agentes realizam diagnósticos preliminares das áreas afetadas usando drones e ferramentas de geoprocessamento, aguardando o momento seguro para iniciar as operações de resgate.

“A sensação de alívio vem quando encontramos um animal que não necessita de resgate imediato, apenas monitoramento e, se necessário, suplementação alimentar até que a vegetação se recupere”, explicou Moreno.

Paula Helena Santa Rita, coordenadora operacional do Gretap, sublinhou que as consequências para a fauna são devastadoras, abrangendo desde mortes diretas por queimaduras e intoxicação até impactos indiretos como a escassez de alimentos e a interferência na reprodução das espécies.

“Estamos monitorando ativamente as áreas afetadas pelo fogo, fornecendo apoio nutricional básico e realocando animais quando necessário para áreas seguras”, concluiu Paula.

Neste contexto crítico, cada esforço visa preservar o rico ecossistema do Pantanal e suas espécies emblemáticas, como o tuiuiú, símbolo do bioma, que também tem sido afetado pelos recentes incêndios.

(Informações com base na Agência Brasil).