As autoridades de saúde de Cruzeiro do Sul, no interior do Acre, estão adotando medidas para controlar o foco da Doença de Chagas no município, após nove pessoas serem diagnosticadas com a doença.
Na última semana, todos os agentes de saúde da cidade participaram de uma capacitação para orientar a população sobre como se prevenir e cuidar dos pacientes que apresentarem sintomas.
O diretor técnico da Secretaria Municipal de Saúde, Lindomar Ferreira, destacou a importância da capacitação dos profissionais. “O objetivo é capacitar nossos profissionais para que possam desenvolver um trabalho qualificado e atender as pessoas nas unidades básicas de saúde”, afirmou.
Agentes de saúde são preparados para lidarem com a Doença de Chagas — Foto: Rede Amazônica/Mazinho Rogério
O açaí, um produto extraído da floresta nativa da região e fonte de renda para muitas famílias, é um foco de atenção. Para evitar impactos na economia local, a Vigilância Sanitária do município está atuando para garantir a qualidade do produto.
Advagner Prado, técnico da Vigilância Epidemiológica do Estado, orienta sobre a higienização adequada do açaí. “Temos cinco fases para higienizar o fruto: lavar com água tratada, imersão em hipoclorito, imersão em água fervente, limpeza com água tratada e, finalmente, garantir que os equipamentos utilizados também sejam higienizados”, explicou.
A coordenadora da Vigilância Sanitária de Cruzeiro do Sul afirmou que os vendedores de açaí serão orientados sobre práticas adequadas de manipulação do alimento. “Estamos fazendo uma busca ativa para identificar os locais de produção de açaí e orientar os produtores sobre as boas práticas de manipulação”, assegurou.
Nove pessoas foram diagnosticadas com Doença de Chagas em Cruzeiro do Sul após participarem de uma festa de aniversário no bairro Miritizal. Ao todo, 14 pessoas buscaram atendimento na Unidade de Pronto Atendimento (UPA) com sintomas da doença, e cinco casos ainda estão sob análise.
A Secretaria Municipal de Saúde suspeita que a contaminação ocorreu após o consumo de vinhos derivados de açaí e patoá, frutas típicas da região Amazônica. A Vigilância Epidemiológica do município está investigando a origem da contaminação, possivelmente relacionada ao consumo de açaí produzido por um morador local.
Na casa da doméstica Graciete Lima, três de seus onze filhos foram hospitalizados após exames confirmarem a doença. “Estão falando que foi do açaí e do patoá, mas eu só tive contato com o açaí. Compramos do vizinho e todos tomaram”, relatou ela.
De acordo com a Secretaria Municipal de Saúde, nenhum paciente evoluiu para quadros graves. Um deles já teve alta, e oito ainda estão no hospital, mas devem ser liberados em breve. As famílias estão mais tranquilas com a melhora no estado de saúde dos pacientes.
A Doença de Chagas é transmitida pelo inseto conhecido como “barbeiro”. A transmissão pode ser via oral, por meio de alimentos contaminados pelas fezes do protozoário Trypanosoma cruzi, devido à falta de controle de higiene e cuidados no processamento. O açaí é um dos principais meios de contaminação.