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Jovem Ornitólogo registra pela primeira vez Anu-Branco no Acre e alerta para efeitos do desmatamento

Anu-branco é registrado pela primeira vez no Acre — Foto: Rodrigo Padula

Pela primeira vez na história da ornitologia, um anu-branco (Guira guira) foi registrado no Acre. A descoberta aconteceu no dia 20 de julho, em Rio Branco, realizada pelo jovem observador Rodrigo Padula, de apenas 12 anos.

Rodrigo, que publicou um guia fotográfico da avifauna urbana do Acre no ano passado, foi chamado por um amigo de seu pai para identificar uma ave que não constava em seu livro. Ao visitar o local, ele confirmou que se tratava de um anu-branco, uma espécie rara para a região e não nativa do estado. Ele conseguiu fotografar a ave após observá-la por cinco minutos.

Embora a descoberta tenha gerado entusiasmo, Rodrigo também expressou preocupação com a situação ambiental. “Fiquei muito animado, mas também um pouco preocupado, porque se essa ave está chegando aqui é porque a Amazônia está sendo degradada”, afirmou. Com esse registro, Rodrigo se destaca como o autor de alguns dos primeiros registros no estado no WikiAves, uma plataforma dedicada à avifauna brasileira.

A presença do anu-branco no Acre reflete o impacto do desmatamento na Amazônia de Rondônia, que tem criado áreas abertas que permitem a chegada de espécies adaptáveis. Segundo o biólogo Ricardo Plácido, “O anu-branco é um indicador de áreas convertidas. Ao longo do tempo, a população pode se estabelecer no Acre e começar a se reproduzir, tornando-se uma espécie residente.”

Plácido ressalta que a chegada do anu-branco é um alerta para as autoridades responsáveis pelo manejo dos recursos naturais do Acre. Ele também elogia a contribuição de Rodrigo para a ciência cidadã. “Apesar de sua juventude, Rodrigo tem feito descobertas significativas e contribuiu de maneira espetacular com informações ornitológicas, além de ter publicado um livro sobre o tema. É um jovem prodígio.”

Além do anu-branco, Rodrigo também fez o primeiro registro no estado da asa-branca (Patagioenas picazuro). “Espero que esses encontros ajudem a ciência a entender melhor o que está acontecendo com a nossa floresta amazônica, pois as fotos são provas de que espécies de áreas abertas estão chegando aqui”, conclui o jovem ornitólogo.