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Reeleição de Nicolás Maduro continua sob contestação internacional apesar de validação pelo TSJ

Mesmo após o Tribunal Supremo de Justiça (TSJ) da Venezuela ter confirmado a reeleição de Nicolás Maduro, a comunidade internacional permanece cética e exige maior transparência nos dados da votação. A reeleição do líder chavista, que foi apoiada pelo Conselho Nacional Eleitoral (CNE), enfrenta rejeição significativa em várias partes do mundo.

O governo dos Estados Unidos, por meio do porta-voz do Departamento de Estado, Vedant Patel, reiterou que o verdadeiro vencedor das eleições foi o candidato da oposição, Edmundo González. “As planilhas de contagem de votos disponíveis publicamente, e verificadas de forma independente, mostram que os eleitores venezuelanos escolheram Edmundo González como seu futuro líder”, afirmou Patel em um comunicado divulgado nesta sexta-feira (23/8).

Além de seu posicionamento individual, os EUA se juntaram a outros países da América Latina, incluindo Argentina, Chile, Costa Rica, Equador, Guatemala, Panamá, Paraguai, Peru, República Dominicana e Uruguai, para assinar um comunicado conjunto rejeitando a reeleição de Maduro.

Pressão Internacional Cresce

A Organização dos Estados Americanos (OEA) e a União Europeia (UE) reforçaram a demanda por uma divulgação completa dos dados eleitorais, o que, segundo eles, é essencial para comprovar ou contestar a vitória de Maduro. A OEA criticou a verificação do TSJ, que validou as atas apresentadas pelo CNE, destacando que a proclamação de Maduro foi feita de maneira precipitada e sem a publicação dos resultados desagregados necessários para uma auditoria transparente.

“Esta Secretaria Geral reitera que a CNE proclamou Maduro de forma precipitada, com base num boletim parcial emitido oralmente, com números que apresentavam impossibilidades matemáticas e sem apresentar os resultados desagregados que, nos termos da lei, devem ser tabulados tabela por tabela”, afirmou a OEA em nota.

Josep Borrell, chefe da diplomacia da UE, foi enfático ao declarar que o bloco europeu só reconhecerá uma possível vitória de Maduro caso os dados eleitorais sejam verificados de forma imparcial. “Enquanto não virmos um resultado que possa ser verificado, não o vamos reconhecer”, disse Borrell.

Atas Eleitorais Permanecem Ocultas

Um dos principais pontos de contestação é a falta de transparência na divulgação das atas eleitorais, que permanecem não publicadas mesmo após 27 dias desde a eleição. O governo venezuelano, inicialmente, atribuiu o atraso na publicação dos dados a um ataque hacker contra o CNE, chegando a acusar o empresário Elon Musk de estar por trás da ação.

No dia 5 de agosto, o CNE enviou os registros eleitorais ao TSJ, que posteriormente atestou a vitória de Maduro. No entanto, a presidente do TSJ, Caryslia Rodriguez, anunciou que as atas não serão divulgadas, sem fornecer maiores explicações.