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Estiagem no Acre Revela Fósseis do Purussaurus brasiliensis no Rio Purus

Seca do Rio Purus revelou fóssil de purussaurus — Foto: Reprodução

A severa estiagem que atinge o Acre tem proporcionado novas descobertas de fósseis no Rio Purus, em Sena Madureira. Entre os achados estão vértebras do Purussaurus brasiliensis, conhecido como o “lagarto do Rio Purus”, que viveu na Amazônia há mais de 8 milhões de anos e é considerado o maior crocodilo do mundo. A mais recente escavação ocorreu entre os dias 15 e 18 de agosto, no Sítio Cajueiro, em Boca do Acre, Amazonas.

Com a baixa significativa das águas, o acesso aos barrancos expostos facilitou a retirada de ossos que estavam enterrados. Edson Guilherme, paleontólogo da Universidade Federal do Acre (Ufac), liderou a expedição e ressaltou a importância desse período seco para a pesquisa. “Tivemos a oportunidade de encontrar espécies novas para a ciência que ainda vão ser estudadas”, afirmou.

Desde 2019, pesquisadores têm explorado a área de Boca do Acre, onde fósseis da megafauna amazônica do mioceno – período que vai de 23 milhões a 5 milhões de anos atrás – têm sido encontrados em ótimo estado de preservação. Guilherme relatou a coleta de um crânio de quelônio, uma espécie de tartaruga ainda desconhecida, e de um pós-crânio de um eremotério, uma preguiça gigante que chegava a 6 metros.

Com seca na Amazônia, pesquisadores encontram pedaços da vértebra de um Purussaurus — Foto: Reprodução/Rede Amazônica AC

O trabalho de preparação dos fósseis envolve uma equipe dedicada. O biólogo Leonardo Aldrin explicou que, após a identificação parcial no campo, os pesquisadores limpam, colam e catalogam os materiais para garantir que todas as informações sobre o animal e sua época sejam preservadas.

A estudante Isabela Pessoa destacou a relevância do trabalho paleontológico para a compreensão da Amazônia. “Esse estudo é muito importante, pois o Sítio Cajueiro é pouco explorado e pode revelar novidades para a ciência”, afirmou.

O Purussaurus, que podia alcançar mais de 12 metros, foi o maior crocodilo já registrado. Seu primeiro fóssil foi encontrado em 1892 às margens do Rio Purus, e estudos indicam que ele era um parente distante do jacaré-açu. Com uma mordida duas vezes mais forte que a do Tiranossauro Rex, o Purussaurus precisava consumir cerca de 40 quilos de carne diariamente.

Atualmente, a Ufac abriga outro fóssil potencialmente pertencente ao Purussaurus, descoberto em 2019 por Robson Cavalcante, que tinha apenas 11 anos na época. O fóssil foi encontrado às margens do Rio Acre, em Brasileia. Em um contexto de baixa histórica dos rios, o Rio Acre atingiu 67 centímetros e o Rio Iaco, 34 centímetros, de acordo com dados recentes da Secretaria de Estado do Meio Ambiente (Sema).